A Ordem dos Advogados do Brasil voltou a assumir o protagonismo de outrora, quando em momentos de crise nacional, empunhava de forma destemida a bandeira em defesa dos interesses do país. Agora foi a vez da seccional Piauí, que lançou um manifesto conclamando toda a sociedade piauiense para o enfrentamento da corrupção. Motivos não faltam para tamanha indignação. Os escândalos com desvio de recursos públicos multiplicam-se a uma velocidade assustadora, deixando a população ao mesmo tempo atônita e perplexa.
Os advogados piauienses resolveram vir a público com a campanha “ CIDADÃO CONSCIENTE REPROVA A CORRUPÇÃO” e lembram que “as práticas ilícitas se alastram por todos os órgãos da administração pública, gerando uma onda de escândalos, de ilegalidade e de imoralidade sem precedentes no país”. A corrupção é um crime tipificado no código penal brasileiro, mas a punição aos culpados neste tipo de crime é a exceção, não a regra. E assim a impunidade serve como adubo para essa prática daninha que desvia dinheiro que deveria ser aplicado na promoção do bem comum e na redução da assombrosa desigualdade social que persiste em nosso país.
O texto publicado pela OAB/Piauí prega a reestruturação do judiciário, reconhecido por sua “morosidade crônica”. Ora, os advogados sabem bem do que estão falando. Vez por outra o Conselho Nacional de Justiça está puxando a orelha do Tribunal de Justiça do Piauí. Mas não é só isso. Os próprios advogados também dão a sua parcela de contribuição, quando invocam chincanas jurídicas para protelar indefinidamente o curso dos processos, já naturalmente lentos.
A celeridade e o rigor da justiça são fundamentais para fazer com que os envolvidos em crimes de corrupção paguem pelos seus atos na forma da lei e devolvam aos cofres públicos o que foi de lá retirado. E essa não deve, nem pode ser, uma luta isolada da OAB/PI. A sociedade civil deve entoar junta o mesmo grito de reprovação e cobrança contra os corruptos que se disseminam país afora em todas as esferas do poder. Que as outras entidades representativas, como conselhos, institutos, sindicatos, exerçam a sua cidadania plenamente, rechaçando a corrupção e exigindo punição aos culpados. Precisamos trazer de volta o Brasil aos brasileiros.