As palavras ganharam formas e coloridos na oficina “Letras tem Cor: laboratório de minicontos”, idealizado e facilitado pela poeta, escritora e artista gráfica Marleide Lins. “Cores fora das gavetas/dos armário/do ranço amorfo/que há entre a essência naftalínica/e o morfo”. Com esses versos provocativos, o espírito dionisíaco da arte literária adentrou corpo e alma dos participantes para exalar novos olhares sobre a Diversidade. A ação foi realização do Matizes e apoio do BrazilFoundation e Theatro 4 de Setembro.
Como estratégias de interação entre os integrantes, a facilitadora solicitou aos envolvid@s a realização de entrevista entre pares. O resultado dos relatos trazidos pelos entrevistad@s subsidiou a cada um/a a produção narrativa de contos nos moldes tradicionais. Através de uma dinâmica imersiva, os integrantes teciam análises e reflexões sobre as nuances da prosa literária.
Minicontos e microcontos ocuparam ainda a cena narrativa para instigar as percepções e sensações do público-protagonista. A partir das estratégias de envolvimento, participantes deram asas ao imaginário poético e produziram ‘escrevivências’ recheadas de cores, odores e expressões identitárias lgbti+.
Marleide Lins destaca que uma das indagações levantadas durante as ações era pensar o quanto @s leitor@s sentiam processos identitários com a produção literária trazida como ilustração para a oficina. De acordo com a ministrante, a ausência identificação afetiva com os textos foi fator motivador para fomentar entre @s participantes a necessidade de ampliar a produção literária sensível com a múltiplas expressões da Diversidade Sexual.
A atividade integra uma das fases de produção do livro “Letras das Diversidades” tematizando a História de lutas e conquistas realizada pelo Grupo Matizes ao longo de sua existências. A obra também será composta por ensaios produzidos por pesquisador@s e docentes bem como uma coletânea textual de homoliteratura. O lançamento acontecerá no dia 29/08 durante a programação da 15ª Semana do Orgulho de Ser.
Entre as ‘escrevivências’ gestadas no processo de criação literárias destaca-se:
- Entre nós, elas desataram o preconceito (Viviane Carvalho)
- Não encontrou o pote de ouro no fim do arco-iris. Empalideceu e se trancou no verbo. (Lucila Martins)
- Lições da escola: a violência insiste em fazer sangrar (Socorro Barroso)
Por Herbert Medeiros