Acrobata n 7 -- Se Equilibrar Na Tormenta
(Editorial)
Os tempos de crise nos trazem questões novas a serem resolvidas, nos fazem rever as perspectivas e as fontes energéticas que nos alimentam. O cenário exige inventar um habitat de ideias novas para superarmos as limitações da cultura capitalística que desmobiliza nossas forças. Talvez reabitar a morada ancestral que abandonamos em troca de um projeto de acúmulo e de uma existência vazia. A Acrobata chega com signo do número 7, buscando um equilíbrio em meio à tormenta política que vivemos.
Para manter viva a ligação com o debate indígena no Brasil – compromisso que assumimos desde a primeira edição – Amilcar Bezerra faz uma reflexão política a partir do filme “Martírio”, realizado por Vicent Careli (2016). Temos também a revolucionária Coleção Tembetá, organizada e publicada pela editora Azougue, com 12 livros de pensadores indígenas contemporâneos.
A entrevista da edição é uma celebração aos 80 anos do provocador Jomard Muniz de Britto e sua poética pedagógica. Imageticamente a edição ganha feições ameríndias pelo trabalho do músico e artista visual Gil Duarte.
A discussão literária se adensa com o texto da escritora e pesquisadora Élida Lima sobre o poeta paraense Max Martins. As feiras de publicações independentes que se espalham por todo o Brasil ganham espaço no texto da Ana Rocha, figura à frente da Polvilho Edições. O conto dessa edição é do Carlos Henrique Schroeder. A poesia, como sempre, traz um mapeamento sem fronteiras: Ricardo Aleixo, Mar Becker, Júlia de Carvalho Hansen, Philippe Wollney, Marcelo Ariel, Nayara Fernandes, Wanda Monteiro e Maria Rita Kehl, além das traduções de haikais japoneses feitas por Paulo Franchetti.
Convidamos três críticos de cinema para abordar eixos temáticos inéditos na revista: o cinema Blaxploitation, conduzido pelo jornalista Heitor Augusto; as marcas do horror udigrúdi no cinema brasileiro dos anos 70, escrito pelo pesquisador Carlos Primati; e, para fechar, o cineclubista Alderon Marques compartilha suas impressões de “Nise: o coração da Loucura” (2016), dirigido por Roberto Berliner.
Na sessão “ensaio visual”, a artista Luna Bastos apresenta o seu trabalho e fala um pouco sobre suas recentes produções, do seu universo de formas e afetos. O nosso “processo de criação” chega chegando com o espaço de gestão e criação CAMPO, que tem uma forte atuação com a dança contemporânea.
Com a montagem dessa edição, esperamos poder proporcionar um bonito arquipélago sensível e um pouco de ar puro para os nossos leitores.