Muitos acreditam que a ferradura é um amuleto. Para o Brasil nos Jogos de Londres, ela trouxe azar. Nesta segunda-feira, o cavalo Maestro St Lois, montaria de José Reynoso Fernandez, perdeu sua ferradura pouco antes de se apresentar no terceiro dia das provas de salto no hipismo.

E com o problema de última hora, Zé Roberto e seu animal fizeram uma apresentação muito ruim, cometendo uma série de faltas e terminando o percurso com 46 pontos perdidos, recorde negativo no Greenwich Park. Assim, acabaram com as chances de pódio do Brasil na prova de saltos por equipes do hipismo.

"Ele já estava pronto para o salto e ocorreu o problema. Aí, foi recolocada a ferradura, teve que aquecer o cavalo por mais 10 e 15 minutos. Isso atrapalhou e assustou o cavalo", explicou o técnico da equipe, Rodrigo Pessoa, classificando como "decepção o resultado". Já Zé Roberto lamentou a falta de sorte. "Tem aqueles dias em que falta tudo. E hoje (segunda) foi um desses dias para mim. Fiz o que pude, mas deu tudo errado."

Antes dele, Alvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, montando AD Rahmannshof's Bogeno, teve oito pontos perdidos e reduziu drasticamente as chances de medalha para o Brasil, que já era o último colocado na classificação geral. "Esperava zerar o percurso. Como não deu, eu botei muita pressão nos meus companheiros de equipe, principalmente no José Reynoso, que está em sua primeira Olimpíada", lamentou Doda.

Depois, Rodrigo Pessoa, com HH Rebozo, foi penalizado em cinco pontos na apresentação desta segunda-feira, um por extrapolar o tempo máximo, outro por derrubar um obstáculo. O conjunto já tinha cinco pontos perdidos dos dois primeiros dias e, assim, chegou a 10.

O Brasil teria direito a competir com quatro conjuntos, mas uma lesão no tendão de Aquiles do cavalo Wilexo fez o cavaleiro Carlos Eduardo Mota Ribas, o Cacá, ser cortado dos Jogos de Londres no domingo. Com isso, a equipe ficou sem um descarte, que seria necessário para o caso de problemas como o vivido por Zé Roberto e Maestro St Lois. No fim, 67 pontos perdidos, mais do que o dobre que Suécia e Estados Unidos, que dividiram o sexto lugar.

A prova desta segunda-feira valia tanto como final por equipes quanto como última das três apresentações da fase de classificação do individual. Doda terminou em 11.º, com oito pontos perdidos, e Rodrigo Pessoa em 25.º, com 10. Assim, ambos ficaram entre os 35 que vão à final, quando a pontuação é zerada. Esta etapa acontece na quarta-feira, em duas rodadas. Os 20 melhores conjuntos avançam à segunda apresentação, que decide as medalhas com a soma das duas apresentações.

Rodrigo Pessoa, campeão olímpico em Atenas no individual, conta que a disputa está aberta para o ouro em Londres. "Agora temos dois dias para deixar os cavalos descansando. Na final, vai zerar todos os pontos. É como se fosse uma nova competição. Desses 35, a metade tem chance de medalha. Tem muita gente boa nesse grupo", explicou.

Fonte: Estadão