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Presidente do CRM diz que só plano de carreira levará médico ao interior

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O presidente do Conselho Regional de Medicina, Fernando Correia Lima, foi entrevistado nesta sexta-feira (15) no Jornal do Piauí e explicou o grave problema de falta de médicos que assolam os pequenos municípios do Piauí. Recentemente, o prefeito de Corrente, Jesualdo Cavalcante, publicou em sua página pessoal do Facebook um apelo aos seus seguidores pedindo ajuda para encontrar cinco profissionais que aceitassem trabalhar na cidade

Evelin Santos/CidadeVerde.com

Segundo Correia Lima, não há falta de médicos no país, mas sim, uma má distribuição. “Isso ocorre em função da estrutura que não é oferecida e só há uma maneira de interiorizar: estruturar a carreira médica no Estado”, pontua. 

O médico relembra que houve uma época em que no Piauí não havia juízes trabalhando no interior. Segundo ele, o problema foi solucionado com a criação de um plano de carreira, o que criou incentivo para que os magistrados se espalhassem com a oportunidade de voltar à capital com sua ascensão. 

“Me solidarizo com Jesualdo e com a população de Corrente, mas o que o governo fez foi colocar recém-formados no interior oferecendo 10 pontos na residência para cada ano que ele permaneça lá. O problema é que isso oferecer uma medicina de segunda categoria à população, já que estes profissionais ficam sem preceptor (médico que orienta). Isso acaba resultando em duas medicinas: uma da capital e outra de segunda categoria”, afirma. 


Correia Lima diz que o Governo Federal está fazendo o atualmente que a Ditadura fez: aumentando o número de médicos até o ponto em que, sem local para trabalhar nos grandes centros, eles tenham que migrar para o interior. “Não precisamos aumentar o número de médicos para vazar. Não funcionou na ditadura, que abriu dezenas e dezenas de faculdades. É preciso de uma carreira de estado”, enfatiza. 

“Porque os médicos não vão para um município com um salário de R$ 8.500?”, questiona o presidente do CRM, para responder em seguida: “em algumas cidades são oferecidos até R$ 15 mil, mas eles não conseguem porque não há estrutura e os contratos são precários. O médico trabalha um mês, dois, três, sem contrato formal e não recebe. A precariedade não funciona nos contratos. É preciso fazer concurso e um plano de cargos, carreiras e vencimentos. Duvido que um médico não aceite com isso”, garante Fernando Correia Lima. 


Carlos Lustosa Filho
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