Cidadeverde.com

Estudo: casais trocam filhos por viagens, consumo e folga no orçamento

Imprimir

A terapeuta Maria Helena Novaes*, de 40 anos, optou por não ter filhos. Com uma renda confortável, ela dificilmente teria realizado o sonho de conhecer o mundo se tivesse engravidado. E essa escolha teve mais ligação com dinheiro do que com falta de tempo ou dedicação.

Ela e o marido traçaram um planejamento financeiro para desfrutar da vida de turistas. “Sempre viajamos duas vezes por ano, mas, se tivéssemos filhos, não conseguiríamos bancar todo o conforto e mimos dessas viagens”, conta Maria Helena.

Gisele Céo*, de 33 anos, deixou de ser dependente dos pais há pouco tempo, ao passar em um concurso público federal. Com renda em torno de R$ 6 mil, ela não tem vergonha em dizer que prefere não comprometer seu orçamento com as despesas de um filho, embora diga gostar de crianças.

"Agora que posso decidir como gastar meu dinheiro como bem entender, vou me endividar por anos, sem fazer minhas vontades? Não, existem outras formas de encontrar realização além de filhos, e o dinheiro proporciona algumas delas, por que não?".

Pessoas sem filhos são cada vez mais numerosas no Brasil. O percentual de casais que optaram por não gerar herdeiros cresceu de 14% para 19% entre 2002 e 2012, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no ano passado.

"Mais caro que um carro de luxo e um cruzeiro pelo mundo"

De tão representativo, o grupo dos sem filhos ganhou o apelido de "dink" nos Estados Unidos (abreviação de "double income, no kid", ou "dupla renda, sem filhos"). A economista e psicanalista francesa Corinne Maier, autora do livro "Sem Filhos - 40 Razões Para Você Não Ter", admite ter se arrependido de engravidar e um dos motivos foi financeiro.

"Um filho custa uma fortuna. Está entre as compras mais caras que um consumidor médio pode fazer em sua vida. Em matéria de dinheiro, custa mais caro que um carro de luxo do último tipo, um cruzeiro ao redor do mundo, um apartamento de quarto e sala em Paris. Pior ainda, o custo total pode aumentar no correr dos anos", diz, em trecho do livro.

Um cálculo feito pelo professor da ESPM e presidente do Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), Adriano Maluf Amui, mostrou que, dependendo da condição econômica dos pais e da disposição em investir no futuro do filho, os gastos com o rebento podem variar entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão ao longo de 21 anos – considerando-se apenas gastos básicos, com educação, saúde e lazer.

“O custo de criar um filho aumentou muito para a nova geração em idade fértil”, diz o educador financeiro do instituto Dsop, Reinaldo Domingos. Levando-se em conta o aumento do custo da educação e o prolongamento da dependência para perto dos 30 anos de idade, a decisão por ter filhos passa cada vez mais pela condição financeira do casal.

[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais