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Filme conta a hitória de casal que descobre o amor na 3ª idade

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O diretor britânico Michael Radford não tinha a menor ideia da existência de “Elsa & Fred — Um amor de paixão”, comédia espanhola que fez grande sucesso nos países de língua latina em 2005, quando foi convidado para dirigir a versão americana do filme de Marcos Carnevale. Protagonizado por Shirley MacLaine e Christopher Plummer, o remake, que estreou nesta quinta-feira (27) nos cinemas brasileiros como “Elsa & Fred”, fala de dois idosos que descobrem o amor já no fim da vida.

— O filme do Carnavale nunca havia sido lançado na Inglaterra. Quando me chamaram para dirigir a refilmagem dele, corri para assisti-lo. É uma história deliciosa, mas talvez não sofisticada o suficiente, em alguns aspectos, para uma plateia americana, por exemplo. Achei que ela merecia um público maior, viajar mais e aceitei a proposta, com a promessa de que poderia reescrevê-la — conta Radford, conhecido pelo premiado “O carteiro e o poeta” (1994), em entrevista ao GLOBO, por telefone.

Para ajudá-lo na tarefa, Radford convidou a italiana Anna Pavignano, com quem escreveu o roteiro de “O carteiro e o poeta”, adaptação do livro “Ardiente paciencia”, do chileno Antonio Skármeta, que chegou ao Oscar de 1996 com cinco indicações, incluindo as de melhor filme, direção e ator, vencido por Massimo Troisi (1953-1994). Juntos, transferiram a trama, no filme anterior ambientada em Madri, para Nova Orleans, e concentraram a atenção no relacionamento entre os dois protagonistas.

— Os produtores já tinham um roteiro pronto, de que não gostei, porque era muito diferente da história original. Voltei ao filme do Carnevale, no qual só me incomodava pelo fato de parecer um veículo para o ator Manuel Alexandre e desviar a atenção para o relacionamento do personagem com a filha — descreve o diretor, de 68 anos. — Chamei a Anna porque temos o mesmo senso de humor. Infelizmente, ela não fala uma palavra de inglês, então minha contribuição foi colocar a história no ambiente americano.

“Elsa & Fred” é quase uma reunião da equipe do vitorioso “O carteiro e o poeta”: a trilha sonora é assinada pelo argentino Luis Bacalov, ganhador do Oscar da categoria por seu trabalho naquela produção italiana, e um dos preferidos do diretor americano Quentin Tarantino. Radford, que até agora não conseguiu repetir o sucesso do filme de 1994, que rodou os cinemas dos quatro campos do planeta, enxerga semelhanças entre as duas histórias.

— Ambos são comédias agridoces, de certa forma. Talvez “Elsa & Fred” seja um pouco mais sentimental do que “O carteiro e o poeta” — distingue Radford. — Embora seja uma produção americana, “Elsa & Fred” tem um sabor europeu. Na superfície, ele é até mais comercial do que “O carteiro”, embora este tenha rendido muito dinheiro aos produtores. Acho que, por causa disso, acharam que eu era o cara ideal para dirigir “Elsa & Fred”.

“MASSIMO PRATICAMENTE MORREU NO SET”

Produzido com irrisórios US$ 3 milhões, “O carteiro e o poeta” faturou cerca de US$ 74 milhões ao redor do mundo — US$ 20 milhões do montante só nos Estados Unidos. Além do referendo do Oscar, o longa-metragem ganhou três troféus Bafta (de direção, filme em língua não inglesa e trilha sonora), o grande prêmio do cinema britânico. Radford, no entanto, não tem boas memórias dos bastidores da produção, rodada no litoral da Sicília, na Itália.

— Massimo, que era um amigo próximo, e que tinha problemas cardíacos graves, estava morrendo diante de nossos olhos — recorda o diretor, que participou do relançamento do longa-metragem na Itália, por ocasião do 20º aniversário da morte do ator. — Ele praticamente morreu no set. Massimo estava tão frágil que grande parte das cenas com o personagem dele, um carteiro que usa poesia de Pablo Neruda para se aproximar da mulher que admira, foram feitas com um dublê, que se parecia muito com ele. A repercussão de “O carteiro e o poeta” poderia ter mudado completamente a carreira dele.

Fonte: O Globo

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