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Delator diz que Rolls-Royce pagou propina por contrato com Petrobras

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O ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), que a empresa britânica Rolls-Royce pagou propina para assegurar um contrato de US$ 100 milhões com a estatal. A multinacional forneceu turbinas de geração de energia para plataformas de petróleo.

No depoimento, Barusco afirma não se recordar quem foi beneficiado na divisão das propinas, mas diz que ele próprio recebeu US$ 200 mil da Rolls-Royce.

O G1 tentou contato com a representação da empresa no Brasil, mas não conseguiu falar com a assessoria até a última atualização desta reportagem.

“[Barusco diz] Que se recorda que a Rolls-Royce fez alguns pagamentos referentes a contrato firmado para fornecimento de módulos de geração de energia para plataformas da Petrobras, cujo valor do contrato era em torno de US$ 100 milhões; que não se recorda exatamente quem foi beneficiado na divisão das propinas, mas lembra que foi beneficiado com pelo menos US$ 200 mil dólares”, diz trecho do depoimento prestado por Barusco à PF.

Em nota ao jornal “Financial Times”, que publicou reportagem sobre o tema neste domingo (15), a companhia disse que “não tolera condutas impróprias de nenhum tipo e que tomará as medidas necessárias para garantir isso”. À agência de notícias Reuters, um porta-voz da Rolls Royce afirmou que a empresa não teve acesso a detalhes das acusações publicadas na imprensa e que não foi procurada pelas autoridades brasileiras.

As declarações de Barusco foram dadas ao MPF e à Polícia Federal em 21 de novembro de 2014 e divulgadas no andamento processual da Operação Lava Jato em 5 de fevereiro.

Conforme o ex-gerente, o dinheiro era pago pela Rolls-Royce por intermédio de Luiz Eduardo Barbosa, ex-funcionário do grupo de engenharia suíço ABB, em uma conta do Banco Safra, na Suíça. De acordo com Barusco, Luiz Eduardo era operador de Rolls-Royce, SBM e Alusa no esquema de corrupção da Petrobras.

Outras denúncias
O suposto pagamento de propina pela Rolls-Royce repercutiu na imprensa internacional. Jornais britânicos relembraram nesta segunda-feira que a empresa já é investigada por autoridades do Reino Unido por suspeitas de pagamento de suborno na China e na Índia.

As publicações destacaram ainda que o novo escândalo ocorre em um momento delicado para a companhia britânica, que, em novembro, anunciou que demitiria 2,6 mil funcionários em 18 meses.
Diante da repercussão negativa do caso, as ações da Rolls-Royce caíram 0,7% nesta segunda na Bolsa de Valores de Londres.

PT
Na mesma delação ao Ministério Público, Pedro Barusco afirmou que o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina em contratos da estatal. Segundo o ex-gerente, esses valores se referem a suborno em 90 contratos da estatal com grandes empresas fechados entre 2003 e 2013, durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Barusco também citou que havia a participação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no recebimento das propinas.

"[Pedro Barusco] estima que foi pago o valor aproximado de US$ 150 a 200 milhões ao Partido dos Trabalhadores, com a participação de João Vaccari Neto", diz o documento da Justiça Federal que registra o depoimento do ex-gerente.

O PT nega as acusações e diz que entrará com ação penal e civil contra Barusco. No depoimento, o ex-gerente explicou como funcionava o pagamento e a divisão da propina nos contratos. Segundo o delator, o percentual de propina cobrado variava entre 1% e 2%, dependendo da diretoria pela qual o contrato era firmado.

Em todas as diretorias, conforme Barusco, o PT ficava com metade da propina. Ele disse ainda que esse dinheiro irregular que ia para o partido era distribuído ora para Vaccari, ora para Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, ora para o próprio Barusco, que faziam o repasse para outros agentes do esquema.

Fonte:G1

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