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Tarso Genro critica posição de Protógenes Queiroz

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O ministro Tarso Genro (da Justiça) rebateu nesta quinta-feira a posição do delegado Protógenes Queiroz sobre o aumento da autonomia da Polícia Federal para conduzir investigações, sobretudo para receber das operadoras telefônicas dados de suspeitos, sem autorização prévia. Tarso classificou tal proposta como "inaceitável".

"A Polícia Federal já tem autonomia legal para realizar seu trabalho sem interferência do poder político imediato. É uma polícia de Estado. Se eventualmente esta formulação que ele [Protógenes] fez quer dizer soberania da PF em relação aos demais Poderes, isso não é aceitável porque romperia com a tripartição dos poderes que está determinada na Constituição Federal. Agora, a PF já tem autonomia e tem de cada vez mais conquistar autonomia do poder político contingente para fazer bem o seu trabalha", disse Tarso, em São Paulo.
 

Protógenes defendeu ontem que a Polícia Federal tenha autonomia para receber das operadoras telefônicas dados cadastrais de clientes investigados pela PF, sem a necessidade de autorização judicial prévia, durante depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara.

Na prática, o delegado mostrou-se favorável em aumentar os poderes da PF para quebrar o sigilo dos dados de clientes das operadoras --ao mencionar que outros países permitem que os policiais quebrem sigilos telefônicos.

"De ofício, a autoridade policial não tem esse poder [de decretar escutas telefônicas]. Deveria ter, na minha avaliação, a exemplo do que ocorre com policiais de outros países. Até para os senhores fazerem uma reflexão nessa CPI para que os trabalhos sejam no sentido não apenas de encontrar dificuldades desse instrumento que, para alguns, têm um grande temor, mas para que a sociedade tem sido valiosas", afirmou.

Guardião

O ministro disse que o governo quer apressar a votação da Lei do Grampo, parada no Congresso. "O governo quer apressar a votação da lei de interceptações telefônicas, parada no Congresso. Nós estamos articulando lá no Congresso. Já falei com o presidente [da Câmara] Arlindo [Chinaglia (PT-SP)], já falamos com lideranças, para apressarem votação dessa lei, porque há um desenvolvimento tecnológico exacerbado para o controle das vidas das pessoas."

Tarso assegurou que não há acesso irrestrito às chamadas telefônicas, cujo controle oficial é feito por um sistema chamado Guardião. "Não há acesso irrestrito às chamadas. O acesso só é dado por mandado judicial. E o Guardião, aquela estrutura tecnológica, é muito bem vigiada. A pessoa que entre ali, que faz alguma escuta, deixa totalmente as suas digitais: de onde veio a ordem, porquê ela está fazendo, quem é a pessoa, e qual é a responsabilidade que ela tem. Portanto, ali, por dentro do Guardião, é impossível fazer qualquer bisbilhotice que seja ilegal."

Tensão

O ministro disse desconhecer tensão dentro do governo sobre a revisão da Lei da Anistia. Segundo o Painel, há uma tensão interna entre Tarso e o ministro Nelson Jobim (Defesa) sobre mudanças na legislação, o que desagradaria militares.

"Eu não estou sabendo dessa tensão interna. Eu já estou acostumado em relação de outros debates que nós travamos com a sociedade de ter notícia de tensão interna no governo através de fontes do segundo, terceiro escalão que não se sabe bem de onde é que são. Então, eu não tenho conhecimento de nenhuma tensão interna", afirmou.
 
Fonte: Folha Online
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