O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta terça-feira ao primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, a retomada já em setembro das negociações comerciais da chamada Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Do contrário, explicou Lula em telefonema a Singh, os debates sobre a flexibilização de subsídios agrícolas tenderão a voltar à mesa apenas daqui a três ou quatro anos e não mais com os mesmos termos de negociação que estavam sendo observados nas discussões de Genebra, no mês passado.
"Nadou-se todo o oceano e, próximo da praia, se afogou", comentou Lula sobre o fracasso das negociações, observando que compreende as preocupações do governo indiano com relação aos 600 milhões de agricultores familiares no país, uma das principais razões pelas quais a Índia ajudou a travar os debates.
No telefonema com Lula, o primeiro-ministro Singh disse que "existe uma lacuna entre as necessidades mínimas da Índia e o que foi proposto em Genebra, em especial em salvaguardas".
Ele também afirmou que está disposto a retomar as discussões sobre os subsídios, cujo entrave foi classificado por ele como "um revés temporário", e explicou que ele, pessoalmente, vai propor a retomada das negociações. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, deverá visitar em breve a Índia para tentar negociar e chegar a um consenso.
Singh defendeu ainda que os ganhos já obtidos pelas nações pobres sejam preservados quando a rodada for retomada, aceitando a proposta de Lula para que o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, viaje à Índia quando necessário "para evitar que se diga que houve um fracasso em Doha".