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Quadrilha aplica golpe para extorquir dinheiro da família de pacientes do HUT; veja relato

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Uma quadrilha tem aplicado um golpe em familiares de pacientes do Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Em entrevista para o Jornal do Piauí desta quinta-feira (19), o diretor geral do HUT, Gilberto Albuquerque, afirmou que pelo menos 12 famílias já sofreram tentativas de extorsão pelo telefone.

Uma das famílias que foi vítima depositou quase dois mil reais para supostamente agilizar o andamento de uma cirurgia no hospital. "Ela efetuou esse deposito, no caso, ela não atentou para o fato de que o HUT é um hospital público que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e lá não se cobra nada, nenhum procedimento de pessoas que estejam internadas", informou o delegado Flávio Rangel, do 13º Distrito Policial.

Em entrevista para a TV Cidade Verde, a vítima, que preferiu não se identificar, revelou que a quadrilha chegou a realizar uma conferência telefônica com ela e dois membros do bando, um estaria se passando por médico do familiar da vítima e outra por uma enfermeira.

"Me ligou dizendo que queria falar com o responsável pelo meu irmão, perguntei se tinha acontecido alguma coisa com meu irmão e ele disse que queria falar com a pessoa que estava acompanhando. Parecia ser uma pessoa muito esclarecida, passei o número da minha irmã para ele, ligaram para ela e falaram que ele estava em alto risco e poderia evoluir o quadro, mas que particular seria R$ 1.600,00. Arranjei o dinheiro e depositei", relatou a vítima.

Segundo a familiar do paciente, eles alegavam que com o pagamento o tratamento seria mais rápido e as chances de evoluir o quadro seriam menores. "Com meu irmão em estado grave e como só o hospital tinha meu número, a gente acreditou. Depois me ligaram novamente, dizendo que o valor tinha aumentado, a gente pediu para ele pegar o prontuário e passar todas as informações e ele errou o número e a idade dele", afirmou a vítima.

Após terem sido descobertos, os criminosos confessaram o crime para a vítima. "A gente falou que era fraude e eles disseram: A gente já conseguiu esse dinheiro de vocês, mas vocês foram mais espertos e descobriram a fraude, então não caíram uma segunda vez", conta a vítima.

Denúncias
As primeiras denúncias começaram a aparecer no ano passado, quando muitas famílias começaram a questionar os médicos sobre o pagamento de taxas no hospital. De acordo com investigações preliminares da polícia, a quadrilha teria informações privilegiadas de pacientes  internados no HUT.

Eles teriam acesso ao prontuário da vítima, telefone de contato dos familiares. Os familiares abordados pela quadrilha costumam ser os de pacientes que estão internados na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) e precisam fazer uma cirurgia. Eles entram em contato com a família e pedem uma quantia em dinheiro, que vai de R$ 1 mil até R$ 2.500,00 para agilizar o processo.

Das 12 famílias contatadas pela quadrilha, apenas duas fizeram o depósito em uma conta que, segundo a polícia, é do estado do Mato Grosso.

Vazamento de informações
A direção do HUT informou que ainda não se pode afirmar onde está acontecendo o vazamento das informações de pacientes. "Todo paciente que entra, nós temos que prestar contas com o Governo Federal através do SUS. Então você pode ter gente que presta essa informação de dentro do hospital, do SUS junto ao Governo Federal ou podem ser hackers que tem acesso a informação pela internet. Nós não podemos fechar uma hipótese confirmada ainda", ressaltou Gilberto Albuquerque.

De acordo com o diretor da unidade de saúde, o golpe tem ocorrido em outros hospitais. "Como isso acontece em vários hospitais do Brasil inteiro então não é  uma única pessoa, pode ser uma rede ou uma quadrilha que esteja infiltrada em vários hospitais ou mais fácil, pode ser uma maneira que eles tem de conseguir informação dos prontuários", afirmou.

Para evitar que mais pessoas caiam no golpe, o hospital tem informado os familiares sobre a questão e alertado. "Não façam nenhum deposito, não paguem nada a ninguém. Se o paciente de vocês estiver dentro do HUT, tudo que ele precisar o hospital paga", finalizou.

Lucas Marreiros (Especial para o Cidadeverde.com)
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