O diretor-geral de aviação civil da Espanha, Manuel Bautista, disse em entrevista ao jornal El País que uma sucessão de falhas provocou a queda do MD-82 da Spanair, que matou 153 pessoas na última quarta-feira.
"Houve mais de uma falha. Um problema de motor não causa um acidente sozinho. Teremos que determinar o conjunto de fatores que aconteceram", disse o diretor, que declarou ainda não estar seguro de que o motor tenha falhado.
Um vídeo gravado pelo Departamento de Aviação Civil Espanhol (AENA) mostra que o avião não pegou fogo antes da cair. De acordo com o jornal, as imagens revelam que a aeronave perdeu potência e depois caiu para direita.
Quase duas horas antes do acidente, o superaquecimento excessivo de uma válvula de ar fez com que o avião ficasse na pista, sem levantar vôo. O vôo deveria ter saído por volta das 13h, porém voltou ao portão de embarque depois que a tripulação percebeu o superaquecimento.
A investigação da polícia espanhola busca descobrir por que o piloto desistiu da primeira decolagem para pedir reparos e depois resolveu dar início à viagem.
O subdiretor-geral da Spanair, Javier Mendoza, confirmou que o comandante do vôo JK 5022 agiu de acordo com os padrões e procedimentos normais. Somente depois de isolado o problema, o piloto foi autorizado a voltar para a pista de decolagem.
Durante entrevista coletiva, os representantes da Spanair e da SAS - grupo escandinavo dono da empresa - justificaram o vôo e afirmaram que não têm planos de tirar o modelo MD-82 de sua frota. "Não existe nenhuma razão para tomar essa decisão após analisar a documentação dessa operação", disse o presidente da SAS, Mats Jansson.
A Spanair passa por uma forte crise econômica e no primeiro semestre anunciou perdas no valor de US$ 81 milhões. Há poucos meses, a empresa apresentou um plano para fechar rotas e reduzir um terço de seus 3 mil empregados com o objetivo de cortar custos. A SAS colocou a companhia à venda, mas ainda não encontrou um comprador.
Fonte: Estadão