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Revelação das piscinas abre a nova série do Cidadeverde.com

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Fábio Lima - reportagem especial e fotos
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Quando Vinícius Gabriel da Silva pulou na piscina do Círculo Militar na festinha da escola e começou a brincar, impressionou o presidente da Federação Piauiense de Desportos Aquáticos, Francisco Andrade, o Chicão. "Ele disse: eu quero esse menino treinando aqui", revelou a avó do garoto, Darléia Teixeira. Após 15 dias, numa competição em São Luís/MA, dois bronzes. Oito meses mais tarde, no Norte -Nordeste Mirim, espanto: Três ouros, três recordes regionais. No Piauí, os recordes da categoria também estão sendo pulverizados, ainda no primeiro ano de treinamento. E ele tem só 10 anos.

Nascido no Rio de Janeiro, o nadador veio para o Piauí com cinco anos de idade. A piscina que tinha em casa foi substituída pela do Esporte Clube Flamengo, onde apenas praticava natação. Depois de ser descoberto, os treinos viraram coisa séria. De terça à sábado, o aluno da 4ª Série do Ensino Fundamental fica na piscina por quatro horas. Técnicos estão certos de que um campeão está sendo formado, e com 18 anos o garoto magrinho de jeito desenrolado pode dar braçadas bem maiores.
 
Fã do norte-americano Michael Phelps e também de César Cielo Filho, primeiro brasileiro campeão em uma Olimpíada, Vinícius é decidido. "Eu quero continuar nesse esporte. Meus avós me dão toda a força, o difícil mesmo é conseguir patrocínio", lamenta o nadador, que já sofre com a carência de incentivos e estrutura para o esporte no Piauí.
 
E apesar dos nomes da moda serem outros, o apelido de Vinícius é um menos famoso, mas que se encaixa perfeitamente no perfil do nadador. "Quer falar com o Mangabeira?", me pergunta o técnico Tony. Negro, fera no nado borboleta, o sonho de Vinícius é ir mais além que o carioca Gabriel Mangabeira. Também negro - o que foge aos padrões da natação - e fera no mesmo estilo, ele foi sexto colocado na prova dos Jogos de Atenas, em 2004.

Avós revelam: neto quer ficar no Piauí

Vinícius mora com os avós no bairro Bela Vista, zona sul da capital. Seu Expedito e dona Darléia Teixeira acompanham os treinos do neto no Círculo Militar e não sabiam o quanto o neto poderia render na natação. Ainda quando moravam no Rio de Janeiro, o hoje atleta só se divertia em casa. "Quando ele tinha um ano já brincava muito na piscina", revela a avó.
 
O neto querido passou a dar mais orgulho para a família. Os resultados com menos de um ano de natação fizeram os avós incentivarem a carreira de atleta, ainda que temam pelas dificuldades. Para competir em Aracajú e quebrar novos recordes em outubro, falta ainda o velho patrocínio.
 
Mas esse apoio, no que depender de Vinícius, será sempre buscado aqui. "Ele nasceu no Rio, mas diz ele que é piauiense. Toda vez que eu falo em voltar para o Rio de Janeiro ele diz que eu posso ir, porque ele fica com a tia dele", completou.
 
 

Técnico prevê futuro de "Mangabeira"

 
Quando Tony voltou ao Círculo Militar de Teresina como nadador, "Mangabeira" já treinava nas piscinas do clube. E aquele garoto insistente perguntava ao mais experiente: "O que é isso que você está fazendo?". De tanto orientar o menino, virou seu técnico. E não deixa de se impressionar com cada braçada.
 
"Viu a fera?", perguntou o treinador durante o treino do último sábado (23). Vinícius passa fácil pelos colegas, até mesmo os mais velhos perdem dele. Vendo-o nadar, não é de se admirar já ter quebrado os recordes estaduais mirins dos 50m borboleta e livre, suas especialidades. "No próximo sábado (Troféu Cidade de Teresina) vamos tentar quebrar os 50m costa, e esse ano ainda vamos tentar os 50m peito", revelou Tony. Isso porque, por ser mirim, Vinícius não nada provas oficiais de 100m ou mais.
 
Tony classifica Vinícius como dedicado e humilde, ainda que se preocupe com a cabeça do garoto. "Ele é muito novo ainda. Ele compete, mas parece que para ele é tudo uma grande brincadeira", revelou.
 
O professor suspira ao pensar no futuro. "Se a Confederação Brasileira quiser, não vamos poder segurar ele aqui. Se for o melhor, ele pode sair daqui nos próximos anos", confessa Tony. Depois de Bruno Mota, Belizário Neto e Anderson Carlos, a natação piauiense poderá subir bem mais no cenário nacional com um novo nome masculino.
 
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