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Ao priorizar 13º, governo admite atraso a fornecedores

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Enquanto o governador Wellington Dias tenta um auxílio emergencial junto à União em uma comitiva de representantes dos estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste, o estado está fazendo malabarismos nas receitas e despesas para garantir o pagamento do 13º salário. O risco com a prioridade na folha é o atraso no pagamento dos fornecedores, segundo o secretário da fazenda do estado, Rafael Fonteles.

O governador Wellington Dias está tentando recursos emergenciais de cerca de R$ 7 bilhões para 20 estados das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste.  Os recursos são de uma compensação pelo não alongamento de dívidas com a União, que tem cerca de 90% oriundas dos estados do Sul e Sudeste. “[Wellington Dias] tem tentado, tem falado com a equipe econômica do ministro Meireles e ela tem resistido, mas a gente espera que vai ter um bom senso do presidente Temer em fazer este gesto de grandeza, e não ficar beneficiando apenas o Rio de Janeiro como tem sido”, explica o secretário.

Rafael explica ainda que boa parte do problema desses estados é por conta da queda do Fundo de Participação e há uma necessidade de compensar essas perdas para evitar um colapso, principalmente nos estados com uma arrecadação menor. E isso é uma medida que depende apenas da União, que controla a origem dos recursos. “Não vai fazer sentido o governo conseguir bater a meta de superávit primário, que é objeto de desejo principal dele, e você ter os 27 estados da nação, por exemplo, atrasando salários de servidores ou não pagando fornecedores, não vai adiantar nada e a sinalização vai ser oposta. Eu vou estar lá dizendo que consegui superar o superávit primário para agradar os banqueiros e os credores da União e ao mesmo tempo eu vou estar mostrando aos investidores que os estados não estão pagando os salários, não estão pagando os fornecedores”, reclama.

O secretário relata que, por enquanto, o Piauí ainda está em uma situação mais agradável com relação a outros estados, que já enfrentam o atraso de salário de servidores como Rio Grande do Norte e Sergipe. “Então essa crise mais cedo ou mais tarde vai chegar aqui também, como os estados do Piauí e do Ceará que são os que estão melhor posicionados”, destaca Rafael.

Entretanto, mesmo com as contas ajustadas, o risco de problemas é muito grande, principalmente diante de um momento difícil, que é fim do ano e o pagamento de 13º Salário, que pode haver uma escolha difícil entre pagar o servidor ou fornecedor: “O risco [de atrasar] existe porque a gente não fez a reserva completa do 13º e estamos começando a fazer agora. Então no momento que a gente priorizar a folha, certamente vai haver atraso no pagamento dos fornecedores”, finaliza. 

Expectativa positiva
Outro ponto que pode ajudar as contas piauienses é o projeto de repatriação, que foi aprovada no congresso e que pode trazer uma grande quantidade de dinheiro brasileiro em bancos de fora do país. “As pessoas que têm dinheiro no exterior, mesmo que seja oriundo de crimes, poderão ser anistiadas trazendo de volta para o país pagando 15% de imposto de renda e 15% de multa. E isso será repartido entre os Estados. Dependendo se isso vai dar R$ 25 bilhões, R$ 50 bilhões e fala-se até em 100 bilhões, seria uma luz no fim do túnel. Mas só vamos saber disso no dia 31 de outubro, que é quando encerra o prazo para a repatriação dos recursos”, acrescenta.

Estima-se, em uma especulação do Governo Federal, que retornariam ao país cerca de 100 bilhões de dólares, sendo que 30% seriam pagos ao governo, o que, convertido em reais, dariam em torno de R$ 25 bilhões. 

“E só R$ 25 bilhões já ajudaria bastante a parte que cabe ao estado do Piauí, que seria em torno de R$ 200 milhões, mas o ideal seria que se alcançasse as previsões mais otimistas. Mas estamos fazendo muito mais do que isso, contingenciando despesas, cortando na própria carne. Isso o governador está tendo cuidado desde que assumiu o governo e é muito importante que se mantenha, que a população se prepare nesse momento de muita dificuldade que o Estado vai passar como outros estados já estão passando desde o ano passado. Mas se não houver o socorro emergencial do Governo federal, certamente essa crise chegará aqui”, explica Rafael Fonteles.

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Diego Iglesias
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