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Nas eleições,PT é o partido com melhor posição nas capitais

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A um mês da realização do primeiro turno, o PT é o partido mais bem posicionado em cidades consideradas "vitrines políticas" nestas eleições.

O cenário nas principais capitais brasileiras, exceto no Rio de Janeiro, mostra que os petistas têm mais possibilidades de chegar ao segundo turno em locais estratégicos como São Paulo, Porto Alegre e Fortaleza.

Além disso, o candidato do PT em Recife, João da Costa, pode vencer a disputa já no próximo dia 5 de outubro.

Na maior cidade do país, o PT pode recuperar a prefeitura perdida nas eleições de 2004, quando foi derrotado pelo atual governador José Serra (PSDB).

Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 30 de agosto, a ex-ministra Marta Suplicy (PT) lidera em São Paulo com 39% das intenções de voto. Marta se descolou do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que possui 24%. No segundo turno, há empate técnico: 46% a 46%.

Os dados foram baseados nas mais recentes pesquisas divulgadas pelo Datafolha, Ibope e Serpes.

"O quadro mostra que o PT, que já era forte em São Paulo, está num momento de ascensão", afirma o cientista político Francisco Fonseca, da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas). Segundo ele, a candidatura de Marta na capital paulista está mais "consolidada". "O perfil do eleitorado da Marta é o perfil majoritário: com menor escolaridade e menor renda", diz. "A grande questão é saber como fica a luta entre Alckmin e Kassab".

No Nordeste, o PT tem boas chances de manter Recife e Fortaleza. Na capital de Pernambuco, João da Costa disparou para 47% das intenções de voto, segundo o Ibope. Ele venceria a disputa no primeiro turno, pois seu índice supera a soma de todos os adversários. Já em Fortaleza, Luizianne Lins (PT) estaria em empate técnico num possível segundo turno contra Moroni Torgan (DEM). Ela tem 47% ante 44% do democrata, aponta o Datafolha.

Uma das disputas mais acirradas nestas eleições será travada em Porto Alegre, cidade administrada pelo PT durante 16 anos (1989 a 2004). Na capital gaúcha, o partido protagoniza um duelo contra um tradicional aliado, o PC do B. Maria do Rosário (PT), com 20%, e Manuela D´Ávila (PC do B), 19%, brigam por uma vaga num provável segundo turno contra o atual prefeito José Fogaça (PMDB), que lidera com 31%.

Já em Belo Horizonte, a polêmica coligação encabeçada por Marcio Lacerda virou favorita após atingir 40% na última pesquisa Ibope. O PT indicou o vice Roberto Carvalho (PT) na chapa de Lacerda. Sob as bênçãos do governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, e do prefeito da capital mineira, o petista Fernando Pimentel, a aliança tem o apoio "informal" do PSDB.

O PMDB, maior partido do país, também pode conquistar vitórias importantes nas capitais brasileiras. Além de liderar em Porto Alegre, o partido vê o amplo favoritismo de Iris Rezende, em Goiânia, e a ascensão de Eduardo Paes, no Rio de Janeiro.

O crescimento da candidatura de Paes, apoiado pelo governador Sérgio Cabral, torna a disputa imprevisível na capital fluminense. Pesquisa Datafolha mostra Marcelo Crivella (PRB) com 20%, ante 17% de Paes (PMDB) e 15% de Jandira Feghali (PC do B). "No Rio, quatro candidatos disputam apoio do presidente Lula. É impressionante isso", observa o cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP. Ele se refere a Crivella, Paes, Jandira e o petista Alessandro Molon.

Apesar da intensa disputa pela imagem do presidente Lula no Rio, a capital fluminense é uma das poucas metrópoles onde a candidatura do PT não engrenou. Alessandro Molon atingiu apenas 2% das intenções de voto na última pesquisa Ibope.

Para o cientista político Francisco Fonseca, a campanha eleitoral deste ano mostra a consolidação de um "fenômeno" político. "Estamos observando um fenômeno nestas eleições. Determinadas candidaturas têm fortes relações com partidos e governos, portanto com máquinas partidárias", avalia.

Segundo Fonseca, porém, é necessário aguardar mais duas semanas para a elaboração de projeções prudentes sobre o quadro eleitoral. "Estamos falando de uma fotografia do momento. Pesquisa eleitoral é algo relativo", diz. "O quadro ainda está em processo de consolidação. Estamos ainda no processo do impacto do horário eleitoral gratuito". A propaganda no rádio e na televisão começou no dia 19 de agosto.

Já para o professor Carlos Melo, o que influencia de fato as intenções de voto é o atual momento econômico do país. "Há um clima de euforia econômica. Esse clima tende a favorecer quem está no governo", diz. Nessas eleições, ele espera um PT "mais forte" e um PMDB "tão forte quanto".

A oposição ao governo Lula pode ter um crescimento "localizado" nestas eleições. "O PSDB tem governos estaduais importantes, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O partido do governador sempre tem uma importância muito grande nas eleições municipais", afirma Carlos Melo.

Segundo ele, a oposição deve apostar em vitórias nas tradicionais vitrines políticas. "É lógico que para a oposição é bom ter uma vitrine, já que dificilmente vai conseguir um enorme número de prefeituras em comparação com PT e PMDB", diz.

Uma das conquistas mais expressivas da oposição deve ocorrer em Curitiba. O atual prefeito e candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB), lidera com 70% das intenções de votos, segundo o Ibope. Em Salvador, os candidatos que dividem a ponta pertencem aos dois maiores partidos de oposição a Lula: PSDB e DEM. ACM Neto (DEM) tem 26% e Antonio Imbassahy (PSDB) atinge 24% do eleitorado, segundo o Datafolha.

Entre os quatro principais partidos do país (PT, PMDB, PSDB e DEM), um deles se encontra ameaçado nesta disputa eleitoral: os Democratas (ex-PFL). A sigla disputa a primeira eleição após a mudança de nome, ocorrida em março de 2007. Logo na estréia sob nova roupagem, a legenda corre o risco de perder a administração das duas maiores cidades do país: São Paulo e Rio de Janeiro.

Na capital paulista, o atual prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), aparece em terceiro lugar na disputa, com 16% das intenções de voto. Embora o democrata demonstre possibilidades de crescimento, ele perderia para os seus principais adversários numa simulação de segundo turno. Se o duelo fosse contra Marta (49% a 41%) ou Alckmin (52% a 34%).

No Rio, Solange Amaral (DEM), apoiada pelo atual prefeito Cesar Maia, amarga 5% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Ibope. "A candidata do Cesar Maia não desponta", observa Carlos Melo.

Segundo ele, a probabilidade do DEM encolher nestas eleições é "muito grande". "O DEM, enquanto PFL, perdeu muito espaço na máquina que tinha nos governos estaduais, na influência no governo federal e no interior do Brasil, sobretudo no Nordeste", diz. A sigla possui apenas um governo estadual: o do Distrito Federal.

Para Carlos Melo, seria estratégico para o DEM vencer numa vitrine política, no intuito de ajudar o partido a chegar em 2010 como um agente político com "alguma importância". "A jóia da coroa do DEM hoje é São Paulo. É absolutamente importante para a imagem do partido vencer em São Paulo".

Já para Francisco Fonseca, o DEM já mostrou que está fortalecido na capital paulista, independentemente do resultado das urnas. "O DEM, de antemão, já saiu fortalecido, mesmo que perca as eleições em São Paulo. É um percentual inédito para as pretensões do partido", diz. "O DEM (ex-PFL) nunca foi oposição. Esteve com todos os governos, menos o do Lula. Está se adaptando".

Num aparente paradoxo eleitoral, a principal esperança de vitória da sigla se volta para o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), herdeiro político do carlismo na capital baiana. Ele é candidato à Prefeitura de Salvador aos 29 anos. ACM morreu em julho do ano passado, vítima de falência múltipla dos órgãos. "Talvez em Salvador, por conta do carlismo, o DEM esteja bem", diz Carlos Melo.

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