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Propina pagou cachorro-quente da festa do filho de Cabral e roupas para ex-primeira-dama

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O ex-governador do Rio, Sérgio Carbral - (Foto: Pablo Jacob/ O Globo)

Preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral recebeu mesada de R$ 350 mil da Andrade Gutierrez por pelo menos ano, de acordo com a força-tarefa da Lava-Jato no Rio.

Da Carioca Engenharia, o montante pago foi de R$ 200 mil mensais, no primeiro mandato, e de R$ 500 mil, no segundo. O ‘oxigênio’, como era chamada a propina cobrada das empreiteiras no esquema liderado pelo ex-governador, não foi usado apenas para bancar viagens internacionais, idas a restaurantes sofisticados, compras de joias e uso de lancha e helicóptero.

As investigações apontam que também foram pagos com o dinheiro em espécie de propina seis vestidos de festa para a ex-primeira dama Adriana Ancelmo, blindagem de veículos, móveis de escritório, parcela de compra de carro e até o cachorro quente da festa do filho de Cabral. O MPF apurou que foram gastos ao menos R$ 950 mil em operações de lavagem de dinheiro desse tipo.

A força-tarefa da Lava-Jato afirmou que o valor da propina em apenas três obras - reforma do Maracanã, construção do Arco Metropolitano e PAC das Favelas - chegou a R$ 224 milhões.

PONTE AÉREA DA PROPINA

Em outubro de 2008, Carlos Miranda, operador de Cabral e alvo de mandado de prisão preventiva da Operação Calicute nesta quinta-feira, chegou a ir a São Paulo com Alberto Quintaes, diretor responsável pelo pagamento da propina da Andrade Gutierrez, pegar dinheiro em espécie porque não o tinha na sede da empreiteira no Rio. A volta ocorreu no mesmo dia.

- Essa viagem tinha o único intuito de obter, na sede da Andrade Gutierrez, em São Paulo, dinheiro em espécie e para o senhor sérgio Cabral - afirmou o procurador Athayde Ribeiro Costa, do MPF do Paraná, órgão que atuou em conjunto com os procuradores do Rio. - A sociedade sofre e muito com os efeitos da corrupção. Aqui, no Estado do Rio, vemos hoje faltar o mínimo para a população na área de saúde e segurança pública. Por isso, essas investigações são importantes e devem ser levadas até o fim, doa a quem doer - completou ele, na entrevista coletiva sobre a operação.

O Ministério Público Federal aponta que o esquema comandado pelo ex-governador e que movimentou ao todo R$ 224 milhões procovou um rombo em projetos executados pela Carioca Engenharia e pela Andrade Gutierrez, dos quais R$ 30 milhões foram desviados. De acordo com as delações das duas empresas, 7% do valor total dos contratos foi convertido em propina e dividido da seguinte forma: 5% para Cabral, 1% para Hudson Braga, ex-secretário estadual de Obras, e 1% para conselheiros do Tribunal de Contas do Rio (TCE), responsável pela fiscalização dos contratos.

R$ 40 MILHÕES DE DINHEIRO EM ESPÉCIE ENTRE 2010 E ABRIL DE 2014

Na entrevista coletiva, os procuradores afirmaram que a lavagem de dinheiro do esquema de corrupção se estendeu até depois do mandato de Sérgio Cabral. De acordo com o MPF, entre janeiro de 2010 até a renúncia do ex-governador, em abril de 2014, foram quase R$ 40 milhões em dinheiro vivo que circula até hoje em empresas de fachada.

O MPF salientou que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, não foi objeto de delação de nenhum executivo da Andrade Gutierrez ou da Carioca Engenharia e que não foram levantados indícios sobre participação dele no esquema.


 

Fonte: O Globo

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