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Relator das medidas contra corrupção é vaiado em plenário, após pedir bom senso

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O relator das medidas de combate à corrupção, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), foi vaiado no início da tarde desta quinta-feira ao discursar em defesa de seu texto no plenário da Câmara. Ao fazer um apelo para os parlamentares pensarem no Brasil no momento de votar, parte dos presentes no plenário o vaiou.

— Venho pedir bom senso, equilíbrio aos senhores... Votem pensando no Brasil, com patriotismo — disse Lorenzoni.

Depois dessa sua fala, se ouviram as vaias. Seu discurso se deu no momento em que os deputados discutiam se a votação do texto se daria de forma nominal, quando os parlamentares são obrigados a registrar voto no plenário e se identificarem. Mas, o próprio partido do relator, o DEM, votou contra essa possibilidade.

Os deputados estão contrariados com o relator desde a semana passada, quando ele retirou do texto a possibilidade de responsabilização criminal de juízes e procuradores, cedendo à pressão do Ministério Público. As seguidas reuniões de Lorenzoni com o procurador Deltan Dallagnol, que coordena a força-tarefa da Lava-Jato, também irritou parte dos deputados.

— Temos que parar com essa história que Ministério Público é Deus — disse Edson Moreira (PR-MG).

Para os parlamentares, o relator, nas reuniões privadas com líderes e bancadas, teria dito que não faria o "jogo" do Ministério Público, mas fez relatório acatando praticamente as dez medidas propostas pelos procuradores.

— Ele está sofrendo da Síndrome de Estocolmo. Se apaixonou pelo sequestrador, no caso do Ministério Público, que o sequestrou intelectualmente — disse um dos deputados, que pediu anonimato.

Votação adiada 

No plenário, Onyx defendeu que o texto só seja analisado na próxima semana. Por falta de acordo sobre o texto, os líderes decidiram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adiar a votação para terça-feira.

— Usem os próximos dias para ler o relatório e aí, na próxima semana, com votação nominal, vamos analisar. Não podemos dar cursos à insanidade, ao oportunismo barato — disse Onyx.

O deputado se referiu a informações de um suposto acordo para incluir na proposta a anistia ao caixa dois eleitoral.

— Não é possível que o Parlamento brasileiro ache que pode tratar uma proposta desta envergadura sem prudência e sem respeitar os dois milhões e quatrocentos brasileiros que emprestaram a sua assinatura e seu aval a esse projeto — afirmou.

Por 312 votos a 65, além de duas abstenções, foi aprovada nesta quinta-feira a urgência para o projeto das medidas de combate à corrupção. Os líderes partidários ainda negociam para tentar fazer mudanças no texto do relator, aprovado na quarta-feira em comissão especial.


Fonte: O Globo

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