Candidato à reeleição em São Gonçalo do Piauí, a 132 km de Teresina, o prefeito do município é pressionado dentro da própria casa para melhorar as condições de acessibilidade e de atendimento de saúde às pessoas com deficiência.
A cidade possui a maior proporção nacional de deficientes do país. Lá, segundo dados do IBGE, 33,41% dos habitantes se autodeclaram com deficiência física ou psicológica.
Dois deles são irmãos do prefeito. Antonio, 62, e Francisco, 49, nasceram cegos e cobram do irmão Pedro Ferreira da Silva (PMDB) a adaptação de todas as calçadas. Uma via exclusiva, com rampas nas esquinas, foi recentemente concluída na avenida principal da cidade.
"Eu já falei pra ele [prefeito] que eu quero ir pra toda a cidade, não só aqui [na avenida principal]", diz Francisco, que teme ser atropelado.
Não há uma explicação científica para essa proporção de deficientes na cidade (a média nacional é de 14,5%). No caso da família do prefeito, porém, há um motivo já esclarecido: o casamento consangüíneo.
Primos, Alfredo, 83, e Ozila, 85, tiveram oito filhos. Três nasceram cegos --além de Antonio e Francisco, uma mulher, que vive em Teresina.
"[A pressão] começa dentro de casa, com a família. No começo eu achava que [essa proporção de deficientes] não era uma realidade verdadeira. Mas ela existe", afirma o prefeito. "Falta recurso para fazer todo o trabalho", completa.
Na cidade, além de deficientes visuais, há surdos e muitos cadeirantes. No não há um centro de fisioterapia nem médico nos finais de semana.
O prefeito se considera candidato único. Nas ruas não há cartazes nem campanha. Sua adversária, Antonia Batista (PTC), não tem dinheiro nem para produzir cartazes.
Fonte: Folha Online