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Presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, diz que vai renunciar

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O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, "aceitou a decisão" do partido no poder, o CNA, que pediu neste sábado (20) a sua renúncia, indicou seu porta-voz, sem indicar se isso significava que ele deixará efetivamente suas funções.

"O presidente aceitou a decisão do comitê diretor do CNA", o Congresso Nacional Africano no poder desde o fim do Apartheid em 1994, declarou o porta-voz de Mbeki, Mukoni Ratshitanga, à rádio 702 Talk Radio. "Essa decisão inclui o processo parlamentar", acrescentou Ratshitanga.
 
 
O comitê diretor do partido decidiu neste sábado "pedir ao presidente da República que renuncie antes do final de seu mandato", que expira no 2º trimestre de 2009. O partido não tem o poder constitucional de destituir diretamente o presidente. O chefe de Estado sul-africano, desde 1994 presidente do CNA, foi eleito pelo Parlamento em eleições gerais.

Conspiração
O Congresso Nacional Africano (CNA), partido governante na África do Sul, pediu que Mbeki deixasse o cargo após acusá-lo de participar de uma suposta conspiração política para impulsionar o processo por corrupção do líder da legenda, Jacob Zuma.

Em entrevista coletiva em Johanesburgo, o secretário-geral do CNA, Gwede Mantashe, disse que o Comitê Executivo Nacional tinha decidido pedir a Mbeki que renuncie "antes do fim de seu mandato", mo próximo ano, uma situação inédita na África do Sul desde o final do "apartheid", em 1994.

Mantashe afirmou que o pedido ao presidente para que renuncie foi apoiado por Zuma, que foi vice-presidente de Mbeki até ser destituído em 2005 depois que seu assessor financeiro, Schabir Shaik, foi condenado a 15 anos de prisão por solicitar subornos, supostamente em seu nome, o que foi negado pelo líder do CNA.

O secretário-geral do partido também insistiu em que a decisão foi adotada para manter a "estabilidade" da legenda, onde houve uma forte luta interna desde que Zuma venceu Mbeki, em dezembro, como líder do CNA e candidato à Presidência do país. Para Mantashe, a medida servirá para "dar estabilidade, unir e curar as feridas do partido".

Censura
O secretário do CNA manteve um tom conciliador com Mbeki e afirmou que a decisão "não é um castigo" para o governante, que, se não renunciar voluntariamente, será submetido a um voto de censura no Parlamento, onde a legenda é maioria, para decidir se finalmente é cassado.

A esquerda do CNA, principalmente o líder das juventudes, Julius Malema, acusou Mbeki de conspirar para promover o processo de Zuma por corrupção. O presidente do partido é favorito para o pleito presidencial da África do Sul de 2009.

Mbeki negou as acusações, as quais qualificou de "insultos", e destacou que "não há fatos que as respaldem". "A liberdade de expressão é o direito de dizer mentiras?", questionou, em referência a dirigentes de seu próprio partido.

Também negou que influísse na Promotoria para recorrer da decisão do juiz Chris Nicholson, do Tribunal Superior de Pietermaritzburg, que, sem determinar se Zuma era culpado de corrupção, o liberou na sexta-feira das acusações que pesavam contra si por erros em sua atuação fiscal.

O vice-presidente, Phumzile Mlambo-Ngcuka, já disse que renunciará se Mbeki deixar o cargo, logo após saber da decisão da direção do CNA, segundo informou a agência local "SAPA".

A renúncia de Mbeki também pode ter efeitos econômicos, pois seu governo tem a confiança dos investidores nacionais e estrangeiros, que questionam a esquerda do CNA representada por Zuma, apoiado pelo Partido Comunista da África do Sul e pelo Congresso Sul-Africano de Sindicatos (Cosatu), segundo os comentaristas.
 
 
 
 
Fonte: G1
 
 
 
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