Aventurar-se pelo trânsito com uma motocicleta sai, financeiramente, mais barato do que pegar um ônibus. A constatação é da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), que acaba de publicar levantamento sobre o custo de desembolso para usar ônibus, moto e automóvel. Segundo a pesquisa ? que abrange 27 capitais e 16 municípios, com população acima de 500 mil habitantes ?, na média das cidades brasileiras, o custo total do deslocamento por sete quilômetros é de R$1,49 com motos, contra R$1,96 com ônibus.
Na cidade de São Paulo, o custo total com ônibus em uma viagem urbana de sete quilômetros é de R$ 2,30, com moto é de R$ 1,43 e, com automóvel, de R$ 6,26 (gasolina) e R$ 5,39 (álcool). No Rio de Janeiro, os gastos são de R$ 2,10 (ônibus), R$ 1,48 (moto), R$ 6,11 (automóvel a gasolina) e R$ 5,82 (automóvel a álcool).
Entre as cidades analisadas, as únicas onde andar de ônibus compensou mais do que andar de moto foram Belém (PA) e Palmas (TO). Para percorrer sete quilômetros de moto em Belém, o gasto é de R$ 1,57, o que de ônibus custaria R$ 1,50. Em Palmas, a diferença no custo total é maior: R$ 1,60 (moto) contra R$ 1,50 (ônibus). Confira a tabela de custo total de deslocamento por região. O custo de motos e autos incluem combustível, estacionamento, depreciação, seguro, impostos e manutenção.
Motos em alta
O cálculo da ANTP é comprovado na prática pelo administrador Denny Cimatti. Há quatro meses, ele comprou uma moto de 150 cc para lazer, mas pela vantagem financeira, prefere sair com a moto e deixar o carro na garagem. ?Meu carro com álcool faz média de seis a sete quilômetros por litro, já a moto, com gasolina, faz 30 quilômetros por litro e anda de 250 km a 300 km?, calcula Cimatti, que mora em São Paulo.
Os inconvenientes, segundo ele, são chuva, frio e o risco de acidente. ?Se andar tranqüilo com a moto, pegar corredor só com o trânsito parado, não tem problema. Nunca sofri um acidente. Mas o risco há, não tem jeito, tem muito motoqueiro ?maluco??, afirma.
Custo social
Apesar da vantagem no bolso, é justamente para o risco que o sociólogo e engenheiro da ANTP, Eduardo Vasconcelos, alerta. ?Um detalhe que está na pesquisa é que o objetivo do estudo é comparar o custo que as pessoas percebem na hora de decidir o sistema de transporte. Não está incluso o prejuízo na sociedade. A moto tem um custo social enorme, por causa dos acidentes de trânsito e por ser mais poluente?, ressalta Vasconcelos.
