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Médicos suspendem mutirão de cirurgias em protesto contra corte de ponto

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Foto: Wilson Filho/Cidade Verde

Presidente do Simepi criticou a forma de implantação do ponto eletrônico para os médicos

O Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi) decidiu suspender o mutirão de cirurgias eletivas do Hospital Getúlio Vargas (HGV), que tem ocorrido regularmente aos sábados. Em entrevista ao Cidade Verde Notícias, o presidente da entidade, Samuel Rêgo, explicou que a medida é um protesto em razão do corte do ponto de profissionais da rede estadual. A categoria pretende suspender atendimentos eletivos nas próximas terça, quarta e quinta-feira. 

Samuel Rêgo denunciou corte do salário de médicos que trabalharam e criticou a forma como o ponto eletrônico está sendo implantado. O médico disse que várias reuniões foram feitas para discutir a questão, que desandou depois da saída de Francisco Costa do comando da Secretaria de Saúde.

"Você imagina no meio da cirurgia um médico sair para bater o ponto. (..) É diferente de estar atendendo papel. Médico atende é gente, é ser humano", disse na Rádio Cidade Verde o presidente do Simepi, afirmando que o sistema é falho cortou o salário até de profissionais que estavam de férias.

O sindicalista culpou o secretário de administração, Franzé Silva, pelo problema. "Eu queria só perguntar para ele se amanhã, que não vai ter mutirão, se é ele, seu Franzé, que vai lá fazer cirurgia. Quem faz cirurgia é médico. Você tem que respeitar essa categoria", acrescentou o presidente do Simepi. "Dessa forma que eles estão fazendo a produtividade vai cair, a qualidade da saúde vai cair".

Rêgo explicou que os médicos não pedem uma regalia, mas que sejam observadas as peculiaridades da categoria, como a imprevisibilidade da duração de cirurgias, por exemplo. O presidente do sindicato acrescentou que a rede privada não faz uso do ponto eletrônico e disse que a melhor forma de o Estado controlar a frequência dos profissionais é através da sua produtividade. 

Resposta ao vivo
Franzé Silva participou, por telefone, do Cidade Verde Notícias logo após a entrevista do presidente do Simepi. O secretário explicou a situação e debateu o assunto ao vivo com Samuel Rêgo. 

Segundo o gestor, houve um grupo de profissionais que ignorou o ponto eletrônico. "Se o servidor resolveu ignorar o sistema, não houve por parte da direção do hospital nenhuma orientação para a Secretaria de Administração em relação a esses fatos", disse o secretário, afirmando que casos específicos, como a denúncia de servidores de férias que tiveram o salário cortado, serão analisados. 

"Esse processo de implantação do ponto eletrônico tem sido feito em todas as áreas do serviço público do Piauí. É uma determinação do governador Wellington Dias, é uma forma de a gente fazer o controle da despesa pública e acima tudo de ter a certeza que o servidor vai estar no seu local de trabalho, no horário determinado pelo seu contrato, para atender a população", disse Franzé Silva. O gestor disse que a implantação na área da saúde ficou por último por conta das peculiaridades do trabalho da categoria. 

Franzé Silva admitiu que existem situações específicas, como médicos que fazem cirurgias sem ter hora para sair. Contudo, garantiu que é necessário fazer o controle do comparecimento dos profissionais de saúde nos seus locais de trabalho. "Não iremos permitir, depois dessa gestão, de tanto trabalho com o recadastramento, que é o esse processo de integração, que a população do Piauí venha a pagar servidor que não trabalha", acrescentou.

Samuel Rêgo questionou Franzé Silva e pediu para verificar os dados do corte de ponto na Secretaria de Administração. "O fato é que foi cortado o vencimento de quem estava batendo o ponto, secretário!", disse o sindicalista. Franzé rebateu e prometeu mostrar os relatórios, que comprovariam a existência de faltas normais dos médicos por não baterem o ponto, como casos de profissionais da área de saúde com o mês inteiro sem o registro da biometria no local de trabalho. 

Fábio Lima
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