Nestas eleições, 8,4 milhões de pessoas com 70 anos ou mais estão aptas a votar. O número é 25% maior que nas eleições passadas e já representa 6,4% do total do eleitorado brasileiro. Apesar disso, como o voto é facultativo após a idade, muitos acabam não indo às urnas.
Para atrair essa parcela do eleitorado, candidatos fazem promessas de campanha direcionadas aos idosos, especialmente na área da saúde.
Para a professora do programa de pós-graduação em gerontologia da PUC-SP, Suzana Medeiros, 83, isso ocorre porque "está na moda falar do idoso". "Todo mundo fala. Mas é preciso fiscalizar para ver se realmente vão cumprir. A propaganda eleitoral é difícil de agüentar. Todos sabem dos problemas e das soluções enquanto candidatos."
Em São Paulo, há 581 mil eleitores com 70 anos ou mais --ou seja, 7% do eleitorado. Os três primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto da capital têm em seus programas de governo propostas para os mais velhos.
Marta Suplicy (PT) diz que terá um projeto de acessibilidade à terceira idade e que aumentará a distribuição de medicamentos gratuitos, em especial os de uso continuado, consumidos por idosos. Geraldo Alckmin (PSDB) cita a criação de dez centros de especialidade para idosos e programas especiais de condicionamento físico, além de moradias da Cohab adaptadas à terceira idade.
O prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) afirma que ampliará o programa hospitalar domiciliar e expandirá vagas em centros de referência e núcleos de convivência para idosos.
Segundo Medeiros, "há muitas reivindicações, já que a cidade tem que se preparar para os mais velhos". "É preciso mais segurança no trânsito, ver a questão da duração dos semáforos. Eu, por exemplo, não consigo atravessar a [av. Brigadeiro] Faria Lima direto, de uma vez só. Eu tenho que ir até o meio, parar e esperar o sinal fechar. Não vou atravessar correndo, né?", afirma.
"Também acho que as calçadas são um problema. É só ver quantos idosos já caíram e já fraturaram o fêmur nessas calçadas horrorosas", diz. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida no país aumentou e já chega a 72,7 anos. No Rio de Janeiro, um em cada dez eleitores tem 70 anos ou mais --o maior índice entre as capitais brasileiras.
"Eu tenho mais de 70 anos, mas não deixo de votar uma única vez. Eu penso que os idosos devem se preocupar com a administração da cidade, e não usar dessa prerrogativa de poder não votar, a não ser que esteja doente e não possa se locomover", afirma Medeiros.
