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Ator deixa presidência da Funarte, após denúncia

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O ator Celso Frateschi renunciou à presidência da Funarte, ontem, em carta enviada ao ministro da Cultura, Juca Ferreira. Ele deixou o cargo --que ocupou desde o início do segundo mandato de Lula, em 2007-- dois dias depois de "O Globo" publicar reportagem sobre suposto favorecimento seu à Ágora, companhia de teatro que fundou e cuja coordenação está a cargo de sua mulher, a cenógrafa Sylvia Moreira, e do diretor Roberto Lage.

Também no sábado, a Associação de Funcionários da Funarte (Asserte) divulgou carta enviada a Juca Ferreira acusando a gestão de Frateschi de ser "autoritária" e de criar um "clima de intimidação e desrespeito para com os servidores".

"No momento em que se caracterizou uma série de eventos [a reportagem e a carta], e você sabe que em política não existe coincidência, então você percebe que estão armando, e eu, sinceramente, não estou aqui para disputar cargos, não é a minha praia", disse Frateschi à Folha, justificando seu pedido de demissão.

Secretário de Cultura de São Paulo na gestão de Marta Suplicy (2001-2004) e irmão do presidente do diretório municipal do PT em São Paulo, Paulo Frateschi, ele afirmou ainda ter acabado com "uma indústria de favorecimento" que funcionava dentro do órgão.

Ele disse que procurou descentralizar as ações do órgão tirando-as do eixo Rio-São Paulo, o que teria provocado insatisfação entre os servidores. "Nós mudamos a questão da territorialização, e hoje todos os Estados têm prêmios da Funarte. Não adianta a gente usar os projetos da Funarte e reproduzir a lógica da Lei Rouanet, onde 80% é de Rio e São Paulo", disse Frateschi.

Enviado à Funarte para ser submetido a parecer técnico em 30 de novembro de 2007, o projeto do grupo Ágora batizado "Machadianas 2", adaptação de contos de Machado de Assis para o teatro, foi aprovado pelos técnicos da entidade no dia 6 de dezembro.

Vinte dias depois, obteve junto ao MinC a autorização para captação de recursos. A tramitação foi extremamente rápida, de acordo com profissionais da classe teatral, ainda mais porque em 2007 houve uma greve dos servidores do MinC que durou 73 dias, contribuindo para o acúmulo de projetos a serem avaliados.

Frateschi argumenta que o ministério e a Funarte fizeram um "acordo de excepcionalidade" para analisar projetos cujos produtores já apresentassem cartas de intenções de patrocinadores manifestando interesse em apoiar a sua realização. Frateschi apresentou à Folha um e-mail da Petrobras como prova de que era o caso do espetáculo da Ágora.

Ontem mesmo, funcionários da Funarte comemoravam a saída de Frateschi em frente ao Palácio Gustavo Capanema, sede da fundação. "Foi a pior gestão que a Funarte já teve, na qual houve assédio moral aos funcionários e foram destruídos programas que deram certo", afirmou Paula Nogueira, presidente da Asserte, que negou qualquer "indústria de favorecimento" por parte dos servidores.

Fonte: Folha Online

 

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