O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (21) que, caso a crise que abala os mercados pelo mundo afete o Brasil, o Orçamento dos ministérios pode ser reduzido.
“Eu não posso assumir com vocês o compromisso de que, se houve uma crise econômica que abale o Brasil, a gente vai manter o dinheiro dos ministérios, até porque se a União arrecadar menos, vai ter menos dinheiro para todo mundo."
Lula ressalvou, no entanto, que a crise pode chegar ao país muito mais leve do que nos países de origem. "É a primeira crise que ocorre primeiro nos países ricos e depois entra na periferia”, disse.
O presidente voltou a afirmar que o país deve sofrer menos nesta crise porque diversificou as exportações para outros países e não é mais tão dependente dos Estados e Europa e disse acreditar que depois que o novo presidente americano tomar posse, o problema comece a se encaminhar para uma solução.
'Filho adolescente'
Em discurso durante cerimônia da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progesso da Ciência), em São Paulo, Lula disse que a crise financeira mundial resgatou “o gostinho pelo papel do Estado”.
“Até o Bush está falando em comprar ações de bancos privados. Isso é muito importante porque o coração do regime capitalista começa a tomar gostinho pelo papel do Estado, que esteve desmoralizado nos últimos 30 anos”, disse o presidente .
Lula comparou o mercado a um filho adolescente. “Quando o filho adolescente vem atrás do pai? Quando está sem dinheiro ou doente (...). O mercado que ditou regras, quando precisa recorre ao Estado”, disse.
Dança das cadeiras
O presidente voltou a dizer que até agora o Brasil não sentiu os efeitos da crise no varejo e nem na produção. “Nós estamos com um problema de crédito porque não sei onde estão tantos trilhões de crédito.”
Lula comparou o sumiço das verbas para crédito com uma dança das cadeiras. “Os banqueiros fizeram isso porque de repente o dinheiro desapareceu. Não tem mais crédito na Alemanha, na Inglaterra e no Brasil.” Segundo ele, o governo federal já está atuando para que isso não se torne um problema mais grave no país, com o repasse de compulsórios e a preservação das reservas em dólares.
Pré-sal
Lula também voltou a comentar sobre as reservas de petróleo na camada pré-sal e chamou a discussão sobre o tema de “maluca”.
O presidente disse que considera a descoberta das reservas como o segundo momento da independência do Brasil e voltou a afirmar que o governo discuta a destinação da verba arrecadada com o petróleo.