Os últimos quatro anos foram uma árdua luta para o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, e ele não resistiu às seguidas lesões, optando por abandonar a carreira profissional após a São Silvestre, prova que será disputada em 31 de dezembro.
Vanderlei iniciou seu calvário justamente após viver sua maior glória: a medalha de bronze na maratona nas Olimpíadas de Atenas-2004, prova que chegou a liderar, mas acabou atrapalhado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan, que invadiu a pista, agarrou o maratonista e levou o brasileiro ao chão, antes de um torcedor "salvar" o atleta e colocá-lo de novo na pista.
"Logo depois de Atenas, tive uma série de lesões e isso acaba desestimulando. Você volta, aí sente de novo e isso te tira muito do foco. Um atleta tem de ser competitivo, e eu não consegui voltar à mesma performance. Fiquei bastante limitado, lutei até o final com todas as minhas forças, mas sinceramente não dá mais", explicou o maratonista.
Mostrando muita serenidade, Vanderlei Cordeiro assegurou estar tranqüilo com a decisão tomada em conjunto com os patrocinadores e o técnico Ricardo D'Angelo. "Encerro a carreira no dia 31, o último dia do ano, pois será também quando acaba o meu compromisso com minha equipe e meus patrocinadores. Todos entenderam e me deixaram bem livre para decidir encerrar minha carreira profissional", apontou.
O maratonista admitiu que não visa resultados na prova de despedida, já que não está totalmente recuperado da lesão, mas apenas dar início à sua nova carreira. "Se eu terminar a prova, sairei satisfeito. Agora vou trabalhar mais em nome do atletismo, ser um embaixador e continuar promovendo o esporte em todas as regiões. Pode ter certeza que quando o atletismo precisar de mim, estarei à disposição. Quero até participar de provas, mas sem esta competitividade. Vou correr onde quero e mais para promover a modalidade", afirmou.
E como "embaixador", Vanderlei não disfarça que deixa a carreira com a sensação de dever cumprido e ciente que uma nova geração está pronta para substituí-lo, tendo como principal nome o maratonista Marílson Gomes dos Santos, que conquistou no último domingo o bicampeonato na Maratona de Nova York.
"O atletismo está crescendo cada vez mais, e este bicampeonato é tão importante para o Marílson, quanto para o atletismo. Todos ganharam, assim como já foi na minha medalha e no ouro da Maurren (Higa Maggi, no salto em distância, nos Jogos de Pequim). Pode ter certeza que ainda teremos muitas glórias e eu espero ajudar um pouco neste desenvolvimento", lembrou.
Além do trabalho de promoção, Vanderlei Cordeiro administrará a empresa que tem em Maringá e tem um convite para ser o responsável pelo gerenciamento da equipe de atletismo de São Caetano do Sul. "Por enquanto, preferi ficar em Maringá, mas tenho esta porta aberta e posso um dia assumir. O importante é que quero continuar ligado ao atletismo, pois a minha vida é correr, mesmo que agora não mais profissionalmente", finalizou.
O maratonista foi o único brasileiro a conquistar um pódio olímpico na prova mais tradicional da modalidade, além de ter duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos (em Winnipeg-1999 e Santo Domingo-2003) na mesma prova.
Fonte: Uol