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Aos 93 anos, universitário usa sala de aula como terapia

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Quando se aposentou há 11 anos, Jaime Kuperman decidiu entrar na faculdade. Hoje, aos 93 anos ele usa a sala de aula como uma terapia: “Gosto de trabalhar, ler e escrever. Vou à faculdade em vez de procurar um consultório médico”, brinca. “O que esqueci, estou aprendendo de novo. Nas aulas, estamos sempre aprendendo coisas novas”, diz.
 

O estudante faz parte do programa Universidade Aberta à Maturidade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Dentre os conteúdos que já estudou estão disciplinas como economia, religiões, história do Brasil, história universal, psicologia e filosofia.

“Existe uma professora que é especialista em história da cidade de São Paulo. Com ela, nós visitamos lugares que as pessoas nem imaginam que existam”, anima-se. Um dos estudos de campo foi ao bairro Jardim Anália Franco, na Zona Leste da capital, para conhecer a história da professora, jornalista e filantropa que deu nome à região.

Mulheres na sala de aula

Segundo um dos coordenadores do curso na PUC-SP, o sociólogo e gerontólogo Antônio Jordão Netto, a procura pelas atividades é predominantemente feminina. “A procura é 99% de mulheres. Elas, ao envelhecer, vão se abrindo. Já os homens vão se fechando”, aponta.

Não foi esse o caso de Kuperman, se bem que foi um susto quando ele ingressou no programa. “Na classe havia 52 mulheres e um homem, que era eu. Cheguei perto da professora e disse: ‘Ora, doutora, acho que estou no lugar errado’. E então ela me respondeu: ‘Você está bem servido’”, lembra ele. Viúvo desde 1998, Kuperman afirma, no entanto, que não está em busca de uma nova namorada. “Embora não faltem pretendentes.”

Como é o curso

Os cursos regulares duram quatro semestres, com encontros duas vezes por semana, à tarde, das 14h às 17h. Não há exigência de nenhum diploma, a não ser a idade mínima de 40 anos. Mas até neste quesito há flexibilidade, pois, se alguém mais jovem quiser freqüentar as aulas, pode solicitar a inscrição.

“Trabalhamos com reciclagem e atualização cultural. É importante colocar o aluno dentro do mundo atual. São pessoas com longa experiência de vida”, diz Jordão Netto. Além do trabalho na PUC-SP, ele coordena o programa Universidade Sênior, no Centro Universitário Sant’Anna (UniSant’Anna). Os dois programas seguem praticamente o mesmo modelo, com pequenas diferenças, por exemplo, no conteúdo. Boa parte do corpo docente, segundo Jordão Netto, é o mesmo nas duas instituições.

Cada turma costuma ter seis matérias por semestre, com programas variados. Além delas, o curso também oferece disciplinas optativas, como informática, danças contemporâneas, coral e até a prática da arte marcial chinesa do tai-chi-chuan. Vale destacar que depois de quatro semestres a universidade oferece um certificado, o que não impede os alunos de continuarem no curso.

“E o mais interessante é que este é um curso que é programado para começar, mas não para terminar. Se o estudante quiser, pode continuar, pois há sempre novas matérias. Na PUC, temos 17 anos de funcionamento e alunos que estão desde o começo, outros com 15 anos de curso”, afirma.

Cada sala de aula tem, em média, de 30 a 35 alunos. “O pessoal não falta. E quando algum professor tem de faltar, os estudantes ficam bravos. É um programa de utilidade pública: estamos tirando pessoas de consultórios médicos, de leitos hospitalares".

Fonte: G1

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