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Figurinista que acusou José Mayer de assédio fala pela 1ª vez

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Foto: Divulgação

JÚLIA BARBON
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - "A desculpa de 'eu fui criado por uma sociedade machista' não dá mais", disse a figurinista Susllem Tonani, que relatou ter sido assediada pelo ator José Mayer, 68, no ano passado, nos bastidores da novela "A Lei do Amor". 

Na época, ao se desculpar em uma carta pública, o ator afirmou: "Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são."

Susllem falou em público pela primeira vez desde o episódio, nesta terça-feira (14), no evento Mulheres no Trabalho, organizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro para debater o assédio moral e sexual no ambiente profissional.

"Infelizmente as empresas não estão preparadas para lidar com assédio. Você quebra um braço, tem um protocolo sobre isso, mas para o assédio não", declarou a figurinista, que fez uma fala breve e não entrou em detalhes sobre o caso.

A  empresa afirmou, na época, que não comenta assuntos internos, mas que "repudia toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito". A emissora disse que "todas as questões seriam apuradas com rigor, ouvidos todos os envolvidos, em busca da verdade".

No texto que publicou em março de 2017 no blog #AgoraÉQueSãoElas, da Folha, denunciando o assédio, ela afirmou ter procurado todas as instâncias da empresa antes de tornar a história pública. 

Após a repercussão do episódio, a emissora decidiu suspender o ator de produções futuras por tempo indeterminado. Ele estava escalado para atuar na novela das nove "O Sétimo Guardião", de Aguinaldo Silva, mas foi substituído por Leopoldo Pacheco. Desde então, Mayer está afastado das telas.

Recentemente, o ator ficou 30 dias internado na Casa de Saúde São José, em Humaitá, na zona sul do Rio, para fazer um tratamento contra uma doença respiratória chamada granulomatose de Wegener. Autoimune e rara, ela não tem causa conhecida e pode atingir o pulmão, os rins ou as vias aéreas superiores.

Há duas semanas, o ator afirmou ao F5, por meio de mensagem, que já estava em casa. "Estou melhor. Só penso em descansar." A granulomatose de Wegener não tem cura, mas o paciente pode ter uma vida normal com tratamento. 

PRESSÃO
Susllem Tonani afirmou ainda que não foi procurada ou pressionada pelo ator ou por advogados após a acusação. A pressão que sofreu, disse, foi por um delegado que a intimou cinco vezes a depor, o que ela não queria.

"Tive que ir à Defensoria Pública e eles disseram ao delegado que no dia em que eu quisesse depor eu iria à delegacia." A figurinista decidiu não levar adiante um processo criminal contra o ator. "Para mim foi suficiente, imagina eu explicando a história por anos de novo", disse nesta terça.

Em sua última manifestação pública no próprio blog, no ano passado, ela já havia dito que para ela a história terminou cinco dias após a acusação, "na terça à noite, 4 de abril de 2017, com um pedido de desculpa da empresa e uma carta de confissão do José Mayer, ambos lidos no Jornal Nacional."

O episódio causou um protesto de artistas e funcionárias da emissora, que em apoio à figurinista foram trabalhar usando camisetas com a frase "Mexeu com uma, mexeu com todas". Artistas como Camila Pitanga, Bruna Marquezine, Fernanda Lima, Grazi Massafera e Cissa Guimarães aderiram, com postagens em massa nas redes sociais.

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