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Franzino, Paquetá superou desconfiança na base do Fla para chegar à seleção

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Fotos: Lucas Figueiredo/CBF

ALBERTO NOGUEIRA E LUIZ COSENZO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Quem vê hoje Lucas Paquetá, 21, aguentando os trancos e pancadas dos adversários não imagina que há cinco anos o meio-campista do Flamengo tinha seu futuro no futebol colocado em xeque exatamente por seu físico.

Convocado pelo técnico Tite para os amistosos da seleção brasileira contra Estados Unidos e El Salvador, marcados para os dias 7 e 11 de setembro, respectivamente, o jovem ficou quatro meses afastado da equipe juvenil do Flamengo para realizar um trabalho especial com o departamento de fisiologia para ganhar massa muscular e altura.

Deu resultado. O garoto, que aos 16 anos media 1,52 m, ganhou 30 centímetros e chegou aos atuais 1,82 m.

"Sabíamos da qualidade do Lucas Paquetá e que tínhamos que desenvolvê-lo fisicamente para no futuro ser um potencial jogador do Flamengo.

Trabalhamos ano a ano e, quando chegou na época do juvenil, o tiramos do campo por quatro meses e fizemos um trabalho para ele conseguir a força que tem hoje", disse Carlos Noval, diretor executivo do Flamengo.

"Ele deu uma espichada muito grande e muito rápida, em cerca de um ano, e se desenvolveu bastante", acrescentou Noval, que exerceu o cargo de diretor nas categorias de base do time rubro-negro de 2010 a março deste ano. 

Treinador da conquista do ouro olímpico em 2016, Rogério Micale lembra das dificuldades enfrentadas por Paquetá durante o Sul-Americano sub-20, no início de 2017. Nesse período, o meio-campista já tinha dado sua "espichada", mas ainda enfrentava dificuldade nos duelos contra outros meio-campistas.

"Ele não teve um bom rendimento comigo. Teve dificuldade para jogar contra as seleções sul-americanas, que têm linhas encurtadas, muito próximas, e jogam um futebol mais pegado. Os meninos desciam a porrada nele. Porque ele é abusado com a bola nos pés", conta o técnico. 

Lucas Paquetá chegou à seleção de base após se tornar um dos principais jogadores da equipe rubro-negra na conquista do título da Copa São Paulo de futebol júnior. Ele marcou quatro gols na campanha, três a menos do que o seu companheiro Filipe Vizeu, vice-artilheiro da competição. 

A qualidade para se aproximar dos atacantes e o faro de gol não foram as únicas qualidades mostradas por ele no Flamengo. Versátil, atua como segundo volante, terceiro homem do meio de campo e até como atacante, como na decisão da Copa do Brasil de 2017. 

"Ele sempre mostrou isso, qualidade para atuar mais à frente e também como segundo volante, fazendo a saída de bola, já que tem capacidade de organização de jogo", diz o treinador Zé Ricardo, hoje no Vasco, que trabalhou com Paquetá no sub-15, no sub-20 e no profissional do clube rubro-negro.

"Já vi grandes atuações dele jogando no ataque, aberto ou centralizado. Isso só o valoriza e demonstra sua técnica e inteligência", completou.  

A facilidade em atuar em diferentes posições ajudou Paquetá a despontar no time profissional no ano passado, e chamou a atenção de Tite.

Para este novo ciclo da seleção brasileira com vistas à Copa de 2022, no Qatar, ele aparece como opção para exercer a função que foi de Paulinho na Copa do Mundo da Rússia. 

Mesmo nunca tendo entrado em campo pela seleção principal, ele já esteve presente na lista dos 12 jogadores suplentes do time de Tite para o Mundial.

"É uma posição que eu sempre joguei desde a base. Mas tenho que entrar pronto para dar meu melhor em qualquer parte do campo", disse Lucas, que, assim como seu irmão Matheus, 23, jogador do Avaí, ganhou o apelido de Paquetá em homenagem ao bairro em que cresceu, a ilha de Paquetá, a cerca de 17 km do centro do do Rio de Janeiro.

"Temos que pensar passo a passo. Primeiro ser convocado, deixar uma boa impressão para voltar nos próximos amistosos. A Copa ainda está longe, tenho esperança, mas preciso viver o hoje para alcançar esse objetivo", afirmou.

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