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Varejo antecipa e estica Black Friday para tentar salvar ano complicado

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(Foto: Paulo Pinto / Fotos Públicas)

As apostas dos varejistas na Black Friday, data importada dos EUA e que acontece pelo oitavo ano consecutivo no Brasil, são altas. Depois de paralisação dos caminhoneiros, Copa do Mundo e eleições, eventos que travaram as vendas, o comércio quer recuperar o tempo perdido.

Pesquisa da SPC Brasil mostra que as pessoas estão mais dispostas a abrir a carteira neste ano. Seis em cada dez consumidores (58%) vão fazer compras durante a data de promoções, 18 pontos percentuais a mais que 2017.

Além de mais gente comprando, o gasto médio deve ser um pouco maior: R$ 1.268,63 no total de compras -no ano passado, esse valor era de R$ 1.047. Outro levantamento, feito pela Ebit/Nielsen, afirma que o gasto médio com compras deve subir 8%.

"A Black Friday pode dar uma esperança [para 2018]. Costumamos dizer que o Dia da Criança é o ensaio para o Natal, mas neste ano ele aconteceu bem no meio da eleição, e as vendas foram ruins", diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). 

Para ela, momentos posteriores aos pleitos tendem a deixar as pessoas mais esperançosas e, consequentemente, mais dispostas a gastar, independentemente de quem seja eleito.

"A economia pode começar a destravar a partir de novembro, e a Black Friday pode ser uma boa data", afirma.

Pesquisa da Ebit/Nielsen projeta expansão de 15% no faturamento do comércio eletrônico, para R$ 2,43 bilhões.

Com o consumidor mais propenso a gastar, a Black Friday começa mais cedo em alguns estabelecimentos, inclusive, na noite de quinta (22).

Segundo pesquisa da SPC, 30% dos consumidores farão as compras de Natal já na sexta.

A empolgação do consumidor, no entanto, também é motivo para preocupação, num cenário de desemprego ainda elevado.

Para Marcela, do SPC, os dados mais alarmantes na pesquisa da entidade são os que mostram a falta de planejamento financeiro.

Entre os entrevistados que vão fazer compras, 25% afirmam que costumam gastar mais do que podem e 21% têm alguma conta atrasada -desses, 69% estão com o nome sujo.

"A ideia de que não se pode perder a oportunidade é o grande vilão", afirma o professor de gestão financeira da FGV, Ricardo Teixeira. Para ele, o país ainda vive uma retomada, e não é hora de fazer compras sem pensar. 

Compras devem ser feitas somente quando se tem segurança absoluta de que haverá dinheiro para pagá-las, afirma. E servidores não devem contar 100% com o 13º, dada a crise dos estados.

Marcela, da SPC, concorda. "Muita gente compra a prazo pela empolgação. E aquilo que era muito barato pode ficar mais caro do que o valor cheio, se o consumidor não conseguir pagar a fatura do cartão."

Fonte: Folhapress

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