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Brasil levaria 87 anos para igualar salário entre sexos

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No atual ritmo de redução de desigualdades, o governo brasileiro precisaria de 87 anos para acabar equiparar salários de homens e mulheres. O alerta foi feito pela pesquisa Retrato das Desigualdades de Renda e Raça, realizada pela Secretaria Especial de Política para as Mulheres, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).

"A se manter esse ritmo (de redução das desigualdades), levaremos quase nove décadas para uma situação de equiparação entre homens e mulheres", avalia o presidente do Ipea, Márcio Pochmann. Segundo a pesquisa, as discrepâncias de renda entre brancos e negros e entre homens e mulheres reduziram em cerca de 13% e 10%, respectivamente, entre os anos de 1996 e 2007.
 

As informações de rendimento da população brasileira apontam que o homem branco recebe, em média, R$ 1.278 mensais, ao passo que a mulher branca tem salário mensal médio de R$ 797. Na comparação entre a população negra, o homem tem salário médio de R$ 649 por mês, enquanto a mulher recebe em média R$ 436 a cada 30 dias.

"É preciso uma mudança cultural. Identificar políticas de enfrentamento de desigualdades de gênero e raça exige políticas governamentais. Há muito o que ser feito no âmbito das prefeituras e do Poder Legislativo", observa Pochmann.

"É importante a gente considerar a desigualdade de gênero e raça como o determinante mais poderoso da exclusão no Brasil. Se não considerarmos os determinantes culturais da desigualdade, podemos nadar, nadar e morrer na praia. Não é à toa que, passados tantos anos da incorporação do trabalho feminino, não se produziram grandes mudanças do ponto de vista da divisão sexual do trabalho", alerta a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire.

Entre 1996 e 2007, registra o levantamento, a proporção de brancos pobres passou de 29,6% para 19,7%. No caso dos negros e pardos, o redução foi de 15 pontos percentuais. Apesar das melhoras, a pesquisa Retrato das Desigualdades mostra que entre os 10% mais pobres da população, 67,9% são negros (dados de 2007). Essa proporção cai para 21,9% no grupo dos 10% mais ricos.

No universo dos 1% mais ricos da população, somente 15,3% são de indivíduos negros. "Ainda que se possa perceber uma tendência de melhora na distribuição da riqueza produzida no País, a permanência da desigualdade segue sendo destaque", diz a pesquisa.

"Embora a desigualdade faça parte da vida do brasileiro, ainda não contávamos com uma fotografia tão nítida da situação", ressalta Junia Puglia, vice-diretora do Unifem. "Toda a pobreza e a desigualdade têm aqui (no Brasil) sexo e cor", comenta. "Não temos a ilusão de que a desigualdade será superada de forma rápida ou mágica".

Quando levada em conta a distribuição de domicílios urbanos por favelas, o levantamento mostra que 40,1% deles são chefiados por homens negros e 26,9% por mulheres negras ou pardas. Já 21,3% dessas residências são comandadas por homens brancos e outros 11,7% têm como chefe mulheres brancas.

A quantidade de anos de estudo também é fator que mostra a desigualdade de sexo e raça entre os brasileiros, aponta a pesquisa divulgada nesta terça-feira. Dados de 2007 registram que as mulheres brancas são as que permanecem por mais tempo à frente dos estudos, com 9,3 anos, seguidas pelos homens brancos, com 8,4 anos. Entre os negros e pardos, as mulheres têm em média 7,4 anos na escola, enquanto os homens negros têm apenas 6,3 anos de formação escolar.

A pesquisa ressalta ainda que em 2007, 3,6 milhões das famílias brasileiras eram chefiadas por mulheres, diante de somente 301 mil famílias em 1993. Das famílias que recebem programas de assistência governamental, como o Bolsa Família, 69% são chefiados por negros e outros 31% têm brancos como chefe.


Fonte: Terra

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