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'Sociedade do espetáculo' impulsiona violência nas escolas, diz especialista

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A tragédia que culminou com a morte de 10 pessoas no município de Suzano, em São Paulo, traz à tona a necessidade do debate sobre a violência nas escolas. Sobre a questão, o professor Arnaldo Eugênio, educador e especialista em segurança pública, afirmou nesta quinta-feira (14), que não se trata apenas de uma questão a ser resolvida na área educação, mas de uma problemática muito mais complexa. De acordo com Arnaldo, em entrevista hoje ao Jornal do Piauí, a “sociedade do espetáculo” também estimula tais acontecimentos, assim como a falta de segurança pública e outras deficiências tanto a nível de governo como relacionados ao ambiente sociocultural ao qual o país está inserido. 

“O que a gente precisa entender é que esses fatos violentos que desembocam dentro do espaço escolar, vêm de fora. Eles são produzidos dentro da sociedade e a escola recebe. Lógico que medidas mínimas de prevenção e de segurança do espaço institucional são fundamentais. Agora precisa fazer isso planejado e dentro de uma proposta de educação. Não dá pra gente trabalhar hoje uma educação no Brasil no sentido de uma prevenção, - como o Ministério Público sabiamente está fazendo sua parte, promovendo atividades que fomentem a paz ou uma resolução de conflitos de forma pacífica dentro da escola - não dá para fazer se não houver um projeto de educação que vise a formação para a vida e não só para passar no Enem. Esses que é o problema”, argumentou o professor.

De acordo com ele, ninguém nasce com uma predisposição para a criminalidade, porque o comportamento é uma construção sócio cultural e psíquica, mas as vivências sociais, que incluem as relações no ambiente escolar, podem favorecer algumas atitudes. “Se eu entendo que alguém que já tenha uma perturbação familiar, no seu convívio social, obviamente que na escola ele vai desencadear algum processo que dê resposta a isso. E lá ele recebe mais uma violência simbólica, nessas relações professor e aluno e isso pode potencializar, mas os filmes, jogos, desenhos, por si só não vão fazer isso”.

O educador destacou também que hoje se vive em uma “sociedade do espetáculo”, impulsionada muitas vezes pela mídia e redes sociais. Nessa ótica, o professor diz que atualmente se valoriza a “visibilidade meteórica”, que chega a ser forçada, e que as pessoas também tendem a se identificar a banalização absurda dessas informações. “Você percebe que tem uma toda uma relação na sociedade que quer resolver conflitos pela violência, porque ela está intolerante. Não é culpabilizar a mídia por fazer isso, é entender que esse espetáculo da violência termina colocando em algumas pessoas que já vêm desenvolvendo uma predisposição à colocar para fora as suas angústias e revoltas sem fazer uma mediação ou um dialogo a já agir de forma violenta”. 

 Foto: Letícia Santos/ Cidadeverde.com 

Lyza Freitas
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