O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou nesta segunda-feira o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda. Ele estava afastado de suas funções desde 1º de setembro, após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, ter acusado funcionários da agência de grampear conversas telefônicas dele.
A transcrição de um diálogo entre o presidente do STF e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que teria ocorrido no dia 15 de julho, foi divulgado pela imprensa. A conversa ocorreu na semana seguinte à prisão pela Polícia Federal e posterior concessão de habeas-corpus por Mendes ao banqueiro Daniel Dantas, controlador do grupo Opportunity, preso na Operação Satiagraha.
Junto com Lacerda, foi afastada toda a cúpula da Abin. À época, a agência chamou de "absurdas e levianas" as declarações de que teria feito escutas telefônicas durante a investigação. Os funcionários também teriam realizado grampos em outros gabinetes do STF e no Executivo. Os ministros de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e parlamentares governistas e de oposição também teriam sido vítimas.
Para o lugar de Lacerda, informou nota do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi nomeado como interino o diretor-geral da instituição, Wilson Trezza. Lacerda será deslocado para a Embaixada do Brasil em Portugal, onde ocupará o posto de adido policial.
Desde que foi afastado do cargo, Lacerda trabalhava como assessor do ministro-chefe do GSI, general Jorge Félix. Ele chegou a ter seu pedido de afastamento prorrogado por 60 dias. O gabinete negou na ocasião que a ampliação do prazo de distanciamento dele tivesse relação com as recentes buscas e apreensões em locais de onde supostamente teriam vazado informações confidenciais da Operação Satiagraha.
No curso das investigações, laudo feito pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) apontou que os equipamentos da Abin não podiam realizar escutas telefônicas.
A Satiagraha levou à prisão no dia 8 de julho o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas.
Fonte: Terra
