Cidadeverde.com

Demora de exames dificulta diagnóstico da febre do Nilo, adverte Amariles

Imprimir

A diretora de Vigilância e Saúde da Fundação Municipal de Saúde, Amariles Borba, afirmou nesta sexta-feira (26) que um dos entraves para o diagnóstico rápido da febre do Nilo Ocidental é a ausência de uma rede de análise e a alta demanda dos laboratórios públicos especializados. 

A primeira morte da doença no Brasil foi registrada no Piauí e foi o terceiro caso confirmado da febre no estado. A paciente faleceu em novembro de 2017 e a confirmação só foi concluída em 2019. A demora na confirmação se deu porque o caso entrou para a fila de suspeitas. Segundo o Ministério da Saúde, de 2014 a julho de 2019, foram notificados 366 casos humanos suspeitos da febre do Nilo, 161 foram descartados, dois foram inconclusivos e 200 permanecem em investigação.

“Demora pela dificuldade de ter uma rede ampla de laboratórios, segundo pela dificuldade que têm os laboratório de investigação públicos que têm uma demanda muito grande e não conseguem fazer isso em tempo hábil”, assinala Amariles. 

Foto: P. E. Rollin / CDC / Fapesp

Exemplares de vírus da febre do Nilo Ocidental (em amarelo) em microscopia colorida artificialmente.

Dificuldade de diagnóstico

Outra dificuldade no diagnóstico da febre do Nilo apontada pela vigilância se dá por conta da possibilidade de reações cruzadas, nos exames, para vírus semelhantes. Os sintomas do vírus do nilo podem se assemelhar bastante com os causados por outros vírus de doenças como dengue, febre amarela e Zika.

“Somente nos seis primeiros dias da doença é que se consegue, pelo sangue, colher e ver, e identificar o genoma. O genoma é aquele vírus que se está investigando ou outro qualquer. Depois disso só as reações, testes do Elisa, que é (um exame)  imunoenzimático. Como são todos parente começa dar positivo para vários vírus”, explica Amariles. 

Entre 2014 e 2018, 31 casos suspeitos da doença no Brasil tiveram resultado indeterminado. 

Procedimentos laboratoriais testados em amostras de sangue obtidas com até cinco dias do início dos sintomas são mais confiáveis, mas exigem uma tecnologia específica. 

Casos no Piauí 

No Piauí, 42 casos estão sob suspeitas da doença aguardando resultado laboratorial. Mesmo sem a confirmação do diagnóstico, os pacientes passam por observação e cuidados médicos direcionados como hidratação e controle da infecção. “A confirmação diagnóstica não impede a terapêutica”, destaca a diretora de Vigilância e Saúde. Os outros dois casos confirmados no Piauí em 2014, em Aroeiras do Itaim e em Picos, se recuperaram da infecção. 

Tecnologia

No Brasil, o laboratório de referência para o diagnóstico da doença é o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, responsáveis por exames em todo o país. Amariles explica que o diagnóstico exige equipamentos e estrutura especializados.

“Não é todo laboratório que faz alto risco biológico. Para esse tipo de análise é necessário todo um equipamento, um cuidado para que o exame seja confiável e que a estrutura seja segura para o isolamento do vírus”, aponta a diretora de vigilância da FMS. Ela assinala ainda a necessidade de mais investimentos em laboratórios de referência por parte do Ministério da Saúde. 

 

Valmir Macêdo
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais