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Prefeitura apura atropelamento de ciclista na 4ª Volta Internacional de Guarulhos

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Reprodução/Instagram

O que era para ser um dia de festa quase teve um fim trágico no último domingo, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. O ciclista Rodrigo Melo, da equipe de Pindamonhangaba, faturou o título da 4ª Volta Internacional de Guarulhos, mas uma das principais provas da modalidade no Estado foi palco de cena inusitada e que poderia ter terminado em uma tragédia. Um carro invadiu a Avenida Paulo Faccini e atropelou o então líder da prova, Endrigo Rosa Pereira, de 25 anos, numa das curvas do traçado do percurso.

O ciclista passa bem. Ele machucou apenas um dos joelhos porque o choque não foi frontal. Sua bicicleta, no entanto, foi destruída. Por segundos, o atropelamento não o pegou em cheio. Ele disputou os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, e recupera-se em casa. A prefeitura de Guarulhos investiga o acidente, uma vez que as vias de acesso ao traçado da prova deveriam estar interditadas.

Em entrevista ao Estado, Endrigo Rosa disse ter ficado muito nervoso no momento do acidente, mas não culpa a motorista que o atingiu na rua. Seu nome não foi revelado. "Fiquei em choque, pois poderia ter morrido. O impacto foi grande. Quando estava no chão, pensei que tinha quebrado algo no meu corpo. Só tenho de agradecer a Deus, pois Ele estava me iluminando naquele momento. Nem cheguei a falar com a mulher que me atingiu, ela apenas deu os dados para a polícia. Não dá para colocar a culpa só na motorista, mas na falta de sinalização da prova. Deveria ter policiais na curva, na via inteira para dar instruções", desabafou o ciclista.

"Como dá para ver no vídeo, tinha um policial só (fiscalizando aquele trecho do percurso) e ele, na hora do acidente, estava mexendo no celular", completou.

 

Testemunhas que estavam no local também viram um guarda municipal usando o celular no momento do acidente. Ele não foi localizado pela reportagem. O ciclista Celso Anderson, de 49 anos, disse que estava no meio do pelotão quando acorreu o atropelamento. No momento do choque, houve um consenso para que a prova fosse encerrada.

Ele defendeu a organização do evento pelo esforço e comprometimento para que a corrida acontecesse com segurança. Nunca havia dado problema antes. Celso enfatizou a falta de incentivo e a dificuldade da legislação sobre eventos esportivos na cidade. "O ciclismo depende das vias públicas e os governantes se eximem da responsabilidade para que eles aconteçam", disse.

Ex-ciclista e agora presidente da Associação Desportiva Facex (ADF), responsável pela organização desta prova na cidade da Grande São Paulo, José Cláudio dos Santos afirmou ao Estado que, apesar das dificuldades no trâmite, a organização obteve as autorizações necessárias para realizar esta 4ª Volta Internacional de Guarulhos.

"A prefeitura deu o apoio necessário. Houve uma falha da Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana de Guarulhos que não se atentou aos detalhes. Poderia ter ocorrido algo pior. Não sei quantos agentes de trânsito foram designados para o evento", disse.

O fato é que a motorista furou o bloqueio e atropelou em alta velocidade o líder da prova. Segundo o presidente da ADF, o percurso sofreu mudanças por solicitação da Secretaria Municipal de Esportes. "O percurso do primeiro dia foi um prólogo de 1,5 quilômetro no Lago dos Patos. Foi o secretário que pediu para ser nesse local, antes era no Bosque Maia. A prova do domingo também teve alteração de trajeto. Nós fizemos o que o secretário solicitou. Acho que ele se equivocou e não deu a importância e respeito para a competição".

Para Alessandra Santos, responsável técnica da organização, o incidente foi um descuido dos agentes de trânsito que estavam no local. "Faltava aproximadamente sete minutos para finalizar a prova. Aquela curva estava a 150 metros da Avenida Tiradentes, algum agente municipal se descuidou, liberou a via, ou algo desse tipo, e fez com que os carros avançassem pelo trajeto. Ainda tinha um recuo grande de isolamento, por isso o carro veio em alta velocidade", apontou.

Em nota, a prefeitura de Guarulhos explicou que apenas deu suporte estratégico e o isolamento da área deveria ser realizado pelos organizadores da corrida, com o apoio da administração regional. A prefeitura informou ainda que "os agentes envolvidos com a prova serão convocados nesta terça-feira para esclarecer e contar em quais condições ocorreu o acidente".

"Vale salientar que o atropelamento aconteceu entre a quinta e a sexta volta da prova, o que indica que a avenida estava fechada para os veículos anteriormente. Por isso, é necessário identificar os motivos pelos quais dois veículos, conforme mostram as imagens de um vídeo amador, conseguiram furar o bloqueio, realizado naquele trecho por GCMs (Guardas Civis Municipais)", ressaltou.

A prefeitura de Guarulhos informou ainda que a secretário Paulo Carvalho não vai se pronunciar sobre o assunto até que tudo seja mais bem esclarecido após a investigação deste caso.

Por Bruna Gavioli, especial para a AE
Estadão Conteúdo

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