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Pesquisa feita no Piauí pode por fim à praga do cajueiro no Estado

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Estudo da Embrapa Meio-Norte, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária sediada em Teresina (PI), concluiu que os óleos de mamona, nim (planta originada da Índia, trazida para o Brasil em 1992, que funciona como repelente) e soja são eficientes no controle da mosca-branca-do-cajueiro, praga que tem destruído plantações no Nordeste.
 
O ciclo de vida dessa mosca é de 36 dias e ela pode devastar plantações. “Aqui no Piauí, com certeza, houve uma variação grande, em alguns locais [a infestação] foi de 100%, em outros variou entre 50% e 80% e em pouquíssimos locais não houve infestação”, afirmou o coordenador da pesquisa, Paulo Henrique Soares.
 
Nas fases de ninfa e adulta, a mosca-branca-do-cajueiro se alimenta da seiva da planta e injeta toxinas. Além disso, ela deposita, nas folhas do cajueiro, fezes adocicadas que servem de substrato para o desenvolvimento de fungos de coloração escura. Esses fungos, conhecidos como fumagina, começam a se desenvolver sobre as folhas, cobrindo sua superfície e impedindo a fotossíntese e a respiração da planta.
 
“A mosca branca sempre existiu nas plantações de caju nativas, ela vivia em equilíbrio com a natureza, mas o caju foi se tornando importante, muitas áreas passaram a ter a cultura e a mosca começou a se apresentar como uma praga” afirmou Soares.
 

As pesquisas começaram em 2004, quando a mosca começou a causar impacto na produção e os agricultores procuraram a Embrapa para saber como controlar a praga. “Na época em que ocorreu o primeiro surto, o pessoal quis aplicar agrotóxico e nós não pudemos fazer essa recomendação porque na legislação dos agrotóxicos a gente só pode recomendar quando o produto é registrado no Ministério da Agricultura tanto para a cultura quanto para a praga”, disse o pesquisador.

Além da falta de registro, havia outro empecilho, a produção de mel na região. Segundo Soares, grande parte dos produtores de caju tem colméias, e as abelhas usam o néctar e o pólen do cajueiro para a fabricação de mel, por isso o agrotóxico só poderia ser aplicado na planta se não fosse prejudicial às abelhas.
 
As experiências com os óleos vegetais revelaram uma eficiência de 46% a 72% no controle de ovos da mosca-branca e de 91% a 92% no controle da ninfa (estágio jovem da praga). Não foram feitos experimentos com a fase adulta, devido à dificuldade de contagem do número de moscas (pois elas poderiam voar depois da aplicação). As pesquisas com as abelhas mostraram que os óleos vegetais não são prejudiciais a elas.

A pesquisa, financiada pelo Banco do Nordeste, foi feita entre 2004 e 2007. Os óleos devem custar cerca de R$ 4 aos agricultores.  “Ainda há a questão do meio ambiente, porque o óleo vegetal não vai trazer prejuízo como o agrotóxico”, concluiu o pesquisador.
 
Fonte: Agência Brasil
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