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Caiado rompe com Bolsonaro e diz que não respeitará decisões do presidente

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

As decisões do presidente da República, no que diz respeito à saúde pública, não alcançarão o estado de Goiás! Pois no momento em que o mundo pede socorro e se une ao combate contra o coronavírus, vem o presidente da República, em rede nacional, lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um eventual colapso em nosso País. Não, presidente. Nós não vamos aceitar. Isso não faz parte da postura de um governante. Tem uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que faz muito sentido neste momento: Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude! Por isso, como falei em meu pronunciamento e repito agora: é com muita tranquilidade, mas com a autoridade de governador que me compete e amparado ao juramento que fiz como médico, que reafirmo: o decreto assinado por mim, que determina o isolamento social de todas as pessoas, com exceção das que exercem funções essenciais à vida, vai prevalecer. Buscar a tese de que teremos um colapso econômico de grandes proporções, é querer colocar na balança o que é mais importante: a vida humana ou a sobrevivência da economia. E isso não tem discussão. Tenham certeza: garantir a saúde, a segurança alimentar e física de cada um dos 7,2 milhões de goianos é de minha responsabilidade. Sim, a crise existe e será tratada da maneira como nós determinamos em nosso decreto. E, no momento certo, saberemos flexibilizar as restrições. É inadmissível o presidente tratar uma pandemia, que já matou mais de 19 mil pessoas em todo o mundo, como um “resfriadinho”. É inadmissível ele incitar a retomada de uma rotina normal, enquanto um inimigo invisível nos cerca. #GoiásContraCoronavírus

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Aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), rompeu com o presidente depois do pronunciamento feito em rede nacional na noite de terça (24).
O goiano anunciou que não conversará mais com Bolsonaro e que o estado não atenderá suas determinações sobre o combate ao coronavírus.

"As decisões do presidente da República no que diz respeito à área de saúde e ao coronavírus não alcançam o estado de Goiás", afirmou em entrevista coletiva na manhã desta quarta (25). "As decisões de Goiás serão tomadas por mim e por decisões lavradas pela Organização Mundial da Saúde e pelo povo técnico do Ministério da Saúde."

Caiado, que é médico, criticou as declarações feitas por Bolsonaro sobre os impactos econômicos da crise e seus ataques aos governadores, qualificando-os como um "discurso totalmente irresponsável".

"Não posso admitir que venha agora o presidente da República lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso econômico. Não faz parte da postura de um governante. Um estadista tem que ter coragem de assumir as dificuldades. Se existem falhas na economia, não tente responsabilizar outras pessoas, assuma sua parcela", declarou.

O governador de Goiás apoiou a candidatura de Bolsonaro ao Palácio do Planalto em 2018 e foi um dos poucos líderes locais que se mantiveram ao lado do presidente em seus 15 meses de mandato.

Ele anunciou que não procurará mais o presidente e que só se comunicará com ele, a partir de agora, por comunicados oficiais.

"Se decisões eu tiver que tomar junto ao governo federal, eu as tomarei junto ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional. A autonomia que estou aqui conclamando como governador é conferida pela Constituição", afirmou.

O goiano criticou o foco exclusivo nos impactos econômicos da crise: "Ora, o que é isso? É exatamente querer, nessa hora, colocar na balança o que é mais importante, a vida ou a sobrevivência da economia. Não, nós podemos fazer as duas coisas".

Caiado rebateu ainda declarações de Bolsonaro sobre medidas para relaxar restrições nos estados e também sobre o uso de medicamentos em fase de teste contra o vírus.

"Agora é isolamento vertical, agora é cloroquina... Ah, por favor! Estamos tratando de um assunto sério. A população tem que ter norte, tem que ter rumo, os líderes têm que saber se pronunciar nesse momento", disse. "Por que responsabilizar os outros, dar uma de Pôncio Pilatos, lavar as mãos?"

Sem se mencionar o nome do presidente, o governador iniciou a entrevista coletiva com uma frase atribuída ao ex-presidente americano Barack Obama: "Na política e na vida a ignorância não é uma virtude".

Caiado afirmou que Goiás vai manter medidas de restrição à circulação de pessoas e à atividade comercial independentemente de qualquer decisão de Bolsonaro.

"[A crise] existe e será tratada por nós da maneira como nós determinamos no nosso decreto. Saberemos balizar o momento em que, aí sim, saberemos flexibilizar as restrições", disse. "Ao curarmos pessoas e tentarmos diminuir a extensão e gravidade da contaminação, estamos também atendendo à necessidade das pessoas de voltarem a suas atividades", completou.

Fonte: Bruno Boghssian/ Folhapress

 

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