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Contaminação por coronavírus para plataforma de petróleo

Foto: Cadu Rolim /Fotoarena/Folhapress

A Petrobras paralisou a operação de uma plataforma de petróleo no Espírito Santo após a contaminação de trabalhadores pela Covid-19. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), chega a 34 o número de casos confirmados entre os tripulantes até o momento.

Proprietária da plataforma, a holandesa SBM Offshore não confirma números. Em nota, limitou-se a dizer que "número significativo" de tripulantes foi contaminado. A ANP diz ter sido informada que havia 53 pessoas a bordo, dos quais 15 tiveram testes negativos. Os quatro restantes são casos inconclusivos.

O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo, porém, acredita que havia cerca de 80 trabalhadores embarcados. "A unidade precisa manter uns 15 a 20 por segurança e 53 desembarcaram", disse o coordenador da entidade, Valnisio Hoffmann. "Mas eles não informam os números", reclamou.

Segundo ele, dois dos contaminados foram levados a um hospital. Os outros estão em isolamento em hotéis em Vitória. A SBM diz que, a bordo, "medidas preventivas permanecem em vigor, como distanciamento social e reforço das regras para aumentar a higiene dentro do navio".

Plataformas de produção de petróleo são ambientes confinados, onde os trabalhadores dividem dormitórios, além dos espaços de trabalho e áreas comuns, como refeitório e academia. Em geral, as tripulações são compostas por pessoas de toda parte, tanto do Brasil como estrangeiros.

Segundo dados da ANP, o Brasil tem hoje 103 plataformas em operação, 91 delas operadas pela Petrobras. A prevenção à Covid-19 nessas unidades é um desafio para a indústria, diante da diversidade de origem dos trabalhadores e das complexidades logísticas para o embarque.

Os sindicatos pedem a realização de testes rápidos nos trabalhadores antes do embarque nos helicópteros que levam os trabalhadores às plataformas, mas até o momento as empresas têm feito apenas aferição de temperatura.

A Petrobras tem aplicado testes apenas nos empregados que apresentam sintomas e informou que uma estratégia em relação ao diagnóstico laboratorial está sendo definida por médicos e especialistas da empresa. Na quinta (8), a empresa doou 300 mil kits de testes ao Ministério da Saúde.

Entre as medidas adotadas para reduzir o risco de contágio, a estatal reduziu o tamanho das tripulações, suspendeu manutenções e obras não essenciais e ampliou a duração do período embarcado, o que reduz a rotatividade de trabalhadores nas unidades.

No início da pandemia, instituiu um período de isolamento prévio em hotel de sete dias antes dos embarques, mas a medida foi suspensa após críticas dos trabalhadores, que teriam que ficar 28 dias longe de casa.

Em março, a Petrobras desembarcou oito trabalhadores de outra plataforma por sintomas semelhantes aos da Covid-19, mas os resultados dos testes não foram informados. A unidade, P-67, é uma das principais produtoras do país (em fevereiro produziu 108 mil barris por dia) e mantém suas operações.

A plataforma que teve as atividades paralisadas esta semana é chamada FPSO (sigla para unidade flutuante de produção, estocagem e transferência de petróleo) Capixaba. Está localizada o campo de Cachalote, no norte da Bacia de Campos. Em fevereiro, produziu 35 mil barris de petróleo por dia.

Desde o início da crise, a Petrobras já anunciou dois cortes de produção e estabeleceu um teto de 2,07 milhões de barris de petróleo por dia, em média, durante o mês de abril. O valor é 13,5% inferior à média atingida no quarto trimestre de 2019.

Para isso, vai hibernar plataformas de produção em campos em águas rasas, que têm rentabilidade negativa aos atuais preços do petróleo.

Em nota, a SBM Offshore disse que a segurança dos trabalhadores é prioridade e que "implantou um programa de resposta global que monitora de perto as operações da companhia no mundo", incluindo monitoramento das tripulações e gerenciamento de situações especiais.

A Petrobras disse, também em nota, que vem adotando medidas preventivas em linha com as recomendações de autoridades sanitárias e órgãos reguladores. "Um comitê de crise avalia diariamente a evolução do quadro no país e nas unidades, decidindo por novas ações preventivas", afirmou.

A companhia afirmou ainda que monitora os casos suspeitos, dentro ou fora de suas unidades e que toma todas as medidas preventivas para evitar o contágio, mas que não vai informar confirmações ou agravamento de quadros de Covid-19 nas suas unidades para garantir sigilo médico.

"A Petrobras está preparada para reduzir ou eventualmente interromper a produção em suas unidades offshore em caso de surto a bordo; e reporta aos órgãos reguladores e autoridades sanitárias sempre que necessário", diz o texto.


Fonte: Folhapress

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