Cidadeverde.com

PIB de 9,7% mostra fragilidade geral da economia brasileira, diz economista

Imprimir

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve um tombo histórico de 9,7% no 2º trimestre de 2020, quando comparado aos 3 primeiros meses do ano.  O dado reflete o impacto da crise econômica gerada em decorrência da pandemia do novo coronavírus, segundo divulgou nesta terça-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista João Victor Souza em entrevista ao Jornal do Piauí destaca que "essa notícia nos pegou, foi um impacto muito grande porque o PIB está próximo dos 10%, mostra uma fragilidade geral da economia brasileira".

"Em linhas gerais, o PIB é a soma de todas as riquezas produzidas na atividade econômica no país, a soma de tudo que é produzido, comercializado, a soma de todos os investimentos. Ou seja, uma queda próxima de 10% representa menores investimentos, menor nível de emprego, menor produção e comércio", diz  o economista. 

O especialista ressalta  que "o setor de exportações primária, do agronegócio, de minério, tem suportado esse momento de crise, principalmente, porque ele se volta para o comércio exterior, no qual esses outros países mantém o nível de consumo desses produtos; até porque são basicamente produtos alimentícios, que não tem baixa demanda nesse momento de crise".  Outros setores que dependem do mercado interno - setores ligados à indústria e ao comércio - são mais prejudicados, diz. 

"Se nós compararmos a variação do segundo trimestre de 2020 com o segundo trimestre de 2019, a variação chega próximo a 11,5%; o que de fato é muito grande. Acontece que como o Brasil depende muito da produção de produtos primários para exportação, o nosso crescimento depende fundamentalmente do crescimento externo. Então, se os países parceiros do Brasil, como os Estados Unidos, China e Argentina, demonstram uma baixa no seu crescimento, isso tende a nos impactar negativamente no futuro. Se eles tendem a crescer menos, tendem a importar menos produtos brasileiros". 

O economista chama a atenção para que o Brasil consiga "recuperar a nossa atividade doméstica", além de manter o mercado interno minimamente aquecido e continuar contanto com o crescimento externo. 

"O interessante para a economia brasileira, neste momento, é que consiga manter o funcionamento das suas exportações e que mantenha a expectativa de um crescimento não tão ruim dos seus (países) parceiros porque se esses países entram em crise, a tendência é que a nossa crise se agrave ainda mais". 

Sobre as medidas usadas para reverter os efeitos da crise econômica gerada pela pandemia da covid-19, dentre alguns pontos, ele cita as famílias que deixaram de consumir e os baixos níveis de investimentos. João Victor comenta sobre o auxílio emergencial e o programa emergencial de suporte a empregos do Governo Federal. 

"Isso revela, basicamente, que a baixa demanda das pessoas que não têm emprego e não tem renda desestimula as empresas a produzirem, a investirem. A atitude do Governo deve vir nesse sentido: garantir que por um lado as famílias mantenham a renda com possibilidade de consumir porque se elas têm dinheiro vão querer consumir e as empresas vão querer vender. É necessário também que haja a contrapartida, nesse ponto verificamos que a atitude não foi a mais adequada, que seria o suporte às pequenas e micro empresas porque são essas que garantem o nível de produção nas cidades do Brasil". 

 

Carlienne Carpaso
[email protected] 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais