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Ponto eletrônico se arrasta há 20 anos no Senado Federal

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Depois da denúncia de pagamento abusivo de horas extras à servidores do Senado, o presidente da Casa, José Sarney, começou a defender a idéia de instalar pontos eletrônicos nas entradas da Casa para evitar esse tipo de situação. O Senado gastou pelo menos R$ 6,2 milhões com o pagamento de horas extras para 3.883 funcionários em janeiro, período em que a Casa estava em recesso - não houve sessões, reuniões e nenhuma atividade parlamentar.

O que muitos servidores e até senadores não sabem é que essa idéia existe dentro do Senado há pelo menos 20 anos e chegou a ser implementada no passado por um curto espaço de tempo, mas, por falta de vontade política e pela impopularidade da idéia entre os servidores, acabou não vingando.

Embora os órgãos competentes do Senado não possuam a informação exata, servidores considerados "dinossauros" da Casa - que trabalham lá há mais de 30 anos - ouvidos pela reportagem do Terra se lembram que em meados de 1987 o ponto eletrônico chegou a ser instalado, mas depois de alguns meses foi extinto.

"É impossível se controlar o trabalho de uma pessoa que acompanha um parlamentar. Se o político for uma pessoa ativa, a pessoa vai trabalhar 12 horas por dia no mínimo. Agora, se for um senador que se dedica mais ao Estado que pertence, o servidor ligado a ele vai conseguir cumprir o horário certo, ou ficar até bem menos", conta um servidor antigo da Casa que vivenciou no passado a tentativa da instalação do ponto e que prefere não ser identificado.

A opinião dele é a mesma da maioria dos 1.981 servidores concursados do Senado que consideram inviável se criar esse tipo de controle. O presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis), Magno Mello, afirma que seria "dificílimo" se controlar a entrada e saída dos funcionários, até porque muitos trabalham nos Estados de origem do senador.

Segundo ele, os servidores são a favor de qualquer mecanismo que dê transparência ao Senado, mas ele explica que o debate criado em torno do pagamento de horas extras no último mês de janeiro é injusto. "Estamos muito chateados, a imprensa está pegando a gente de uma forma covarde. Janeiro foi um mês atípico por causa da eleição do Senado, os servidores trabalharam de uma forma até sobrecarregada de noite e nos fins de semana", diz.

Novela deve seguir
Diante dos inúmeros debates que ainda devem ocorrer em torno do assunto e da demora da própria instalação deste tipo de mecanismo, tudo indica que o ponto eletrônico ainda está longe de ser uma realidade no Senado. O primeiro secretário da Casa, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), afirma ter determinado que um grupo comece a fazer um estudo levantando preço, mecanismos e tecnologias que poderiam ser adaptadas à rotina do Senado.

Enquanto isso, a Casa deve aderir à mesma prática utilizada atualmente na Câmara: a da lista na qual o servidor assina seu nome cada vez que ele estiver trabalhando após as 19h. "Estamos analisando todas as opções possíveis, há um grande interesse da Casa em estabelecer mecanismos de controle. A idéia é que no período de transição se aplique algo parecido com o sistema de lista da Câmara", explica o senador.
 
Fonte: Terra
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