O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai analisar a possibilidade de fazer mudanças no cálculo do rendimento da caderneta de poupança depois de se reunir com os técnicos da área econômica. “Eu tenho que voltar para o Brasil, fazer uma reunião com a equipe econômica, para ver como fica a caderneta”, declarou Lula, em entrevista a jornalistas brasileiros antes de deixar Nova York e retornar a Brasília.
A preocupação com o rendimento da poupança é das instituições financeiras. Depois do corte da taxa básica de juros na semana passada, os juros da caderneta ficaram mais atrativos do que os dos títulos públicos. O efeito pode ser uma migração de dinheiro dos fundos de investimento (FIFs) para a poupança. Para o governo, isso pode significar maior dificuldade para vender títulos e administrar a dívida pública.
Segundo o presidente, nada será decidido antes da reunião. Mas Lula não demostrou preocupação com qualquer alteração que possa vir a ocorrer. “Nos já mexemos na poupança dois anos atrás, quando descobrirmos que gente que tinha muito dinheiro queria investir na poupança. Mexemos para garantir a poupança apenas para os pequenos poupadores.”
Na entrevista, Lula também minimizou a previsão do banco de investimentos Morgan Stanley de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano será negativo em 4,5%. Analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimam um crescimento de 0,59% neste ano. Lula manteve a previsão de crescimento em 2009, conforme havia dito poucas horas antes em discurso para empresários reunidos em um seminário.
“Esses bancos não acertaram nem o que iria acontecer com eles mesmos, quanto mais com a situação do Brasil”, provocou Lula. “Certamente o Brasil não vai crescer do jeito que nós queríamos, mas será um dos países que terá resultado positivo este ano". O presidente não quis prever qual vai ser o resultado do PIB em 2009. “Não cravei um número antes, não tem por que cravar agora. Mas as coisas estão acontecendo e eu estou tão otimista agora quanto estava no ano passado.”
Mais cedo, no seminário, os ministros brasileiros convidados fizeram previsões otimistas para os investidores e empresários que foram ao hotel The Plaza, em frente ao Central Park.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a queda do PIB, de 3,6%, no último trimestre do ano passado é apenas parte do quadro econômico de 2008. “A queda do PIB no último trimestre de 2008 foi forte, mas havia crescimento nos anteriores, enquanto outras economias já estavam desacelerando desde o início de 2008.”, disse.
Mantega também mostrou-se esperançoso quanto ao número de empregos a serem gerados no ano. “O Brasil espera ter saldo positivo na geração de empregos em 2009. Claro que não criaremos um milhão e meio de empregos com em outros anos, mas abriremos vagas”.