O assessor parlamentar Juarez Martins, que trabalha como coordenador do gabinete do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), foi vítima ontem (30) de ameaça e tentativa de chantagem de uma pessoa vinculada a uma agência de turismo sob suspeita de integrar o esquema de desvio de passagens aéreas da cota da Câmara. O agressor abordou Juarez no gabinete do deputado, ameaçando-o com um pacote que o relacionaria às irregularidades com os voos custeados com recursos públicos.

 

O representante da agência de turismo, que já havia ligado para Juarez lançando-lhe suspeitas, disse para o coordenador de Nazareno que iria abrir o pacote em sua frente. O assessor não deixou e ligou logo em seguida para a Polícia Legislativa da Câmara a fim de comunicar o fato. Batendo boca, os dois seguiram então para a polícia, onde cada um prestou seu depoimento.

 

 

Só lá que se decidiu abrir o pacote. Constavam seis cópias de e-mails trocados entre Rosimere Gomes da Silva, assessora demitida por Nazareno na semana passada sob suspeita de irregularidades na emissão de passagens, e representantes da agência com datas entre final do ano passado e março último. Segundo Juarez, os diálogos mostravam supostos acertos financeiros com as sobras da cota da passagem do deputado piauiense. Pelo fato de uma das conversas citar Juarez, o representante da agência tentou ameaçá-lo.

 

Juarez, segundo conta, nem tinha essa atribuição no gabinete. “Fiquei indignado com tudo isso”, criticou o assessor parlamentar. O representante da agência foi liberado logo em seguida. A Polícia Legislativa não repassou os nomes da agência ou do representante da empresa.

 

Sem querer, o ato do representante da agência pode complicar ainda mais a empresa. Nas duas vezes em que prestou depoimento à Comissão de Sindicância da Câmara, Rosimere Gomes não havia citado o nome da agência do agressor, e, sim, de uma outra empresa. Ou seja, a ex-assessora poderia estar implicada com mais de uma empresa de passagens. A cópia dos depoimentos será remetida, na próxima semana, para subsidiar os trabalhos da comissão de sindicância da Câmara responsável por apurar o esquema de desvio das cotas aéreas.