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Piquet admite que não fez denúncia antes por Nelsinho

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Nelson Piquet admitiu que queria levar a público o escândalo do GP de Cingapura de 2008 ainda no ano passado, durante a etapa do Brasil, em Interlagos, mas não o fez para não prejudicar a carreira de Nelsinho Piquet. Assim que seu filho foi demitido por Flavio Briatore da Renault e "não tinha mais nada a perder", o tricampeão mundial resolveu colocar o ocorrido com o jovem piloto "em pratos limpos". A revelação foi feita em entrevista dada ao jornalista Reginaldo Leme, colunista do Grande Prêmio, exibido pelo programa " Fantástico".

"Quando acabou o campeonato no ano passado, que foi no Brasil, a corrida, eu fui direto no Charlie Whiting e contei a história toda", contou o ex-piloto, dizendo que o delegado-técnico da FIA se assustou com a denúncia. "Lógico, porque isso daí é crime em automobilismo, em esporte. A vontade que eu tive era já levar no fim do ano esse caso para a FIA", comentou, revelando depois a razão por não ter feito isso. "Porque iria prejudicar o Nelsinho. E aí, eu esperei."

Nelson esperou a quebra de contrato do seu filho para levar o caso adiante. Apesar de dizer que queria ver Nelsinho fazer sua trajetória com as próprias penas, Piquet passou a acompanhá-lo nesta temporada em todos o GPs para ver de perto o que estava acontecendo dentro da equipe francesa. "Ele foi o brasileiro que mais pontuou no primeiro ano de F1. Não se pode falar nada de ruim da carreira dele. Agora, esse ano foi muito difícil. A Renault deu uma prioridade de carro muito grande para o (Fernando) Alonso."

Clive Mason/Getty Images

"Nelsinho não treinava em condições iguais, o carro já não era em condições iguais, e eu comecei a ir em todas as corridas para ver se realmente poderia ajudar o Nelsinho e estar ao seu lado", comentou. "E no meio do ano ele [Flavio Briatore] quebrou o contrato, então estava na hora de a gente denunciar tudo o que aconteceu", declarou.

"Eu sabia que isso aí era uma coisa de crime. Você manipular o resultado de uma corrida é uma coisa criminosa. Isso não cabe dentro do esporte. Quando o Briatore terminou o contrato dele no meio do ano, o Nelsinho não tinha muito mais a perder na carreira dele, a não ser botar em pratos limpos o que o Flavio e a Renault estavam fazendo com o Nelsinho no ano inteiro", afirmou o tricampeão.

A informação de que teria ficado sem falar com o filho durante dois meses após saber da farsa, dada pela jornalista Barbara Gancia, foi desmentida por Nelson. "Isso é tudo boato", disse. Mas ele ficou irritado com a atitude de Nelsinho. Algo que não aconteceria se o pai soubesse de tudo quando o plano foi arquitetado. "Não ia fazer isso nunca."

"Foi uma pressão muito grande que a Renault botou em cima dele. A diferença de horário era muito grande, e ele não pôde se comunicar comigo", explicou. "Isso não é uma coisa do automobilismo. Na minha carreira, eu nunca pensaria em fazer uma coisa assim", continuou.

Ao comparar o caso com episódios de jogo de equipe, o ex-piloto fez críticas a atitudes tomadas por outros competidores no passado. Primeiro, afirmou que a ordem de uma equipe para deixar um piloto mais bem colocado no campeonato passar não é correta, como aconteceu em 2007, quando Felipe Massa deixou Kimi Raikkonen passar no GP do Brasil para o finlandês ganhar e ser campeão. "Nem assim justifica", falou.

Sobre outras situações, como quando Ayrton Senna e Alain Prost se chocaram e decidiram o campeonato desta maneira por dois anos seguidos no Japão, com um título para cada um, Piquet foi mais além. "Eu acho que toda vez que você tenta derrubar um companheiro, tenta provocar um acidente, para ganhar um título, acho que você está apelando. Para mim, esse título não vale nada", disparou. "Eu não teria capacidade de fazer uma coisa dessas. De jeito nenhum. Os três títulos que ganhei, conquistei trabalhando e vencendo."

Por fim, Nelson afirmou que considera Briatore uma pessoa "pouco inteligente" e revelou qual será o legado que o escândalo do acidente proposital de seu filho na prova de Cingapura no ano passado vai deixar a todos. "Vai ajudar a F1, o esporte a motor, a ser uma coisa mais digna", encerrou Piquet.

Fonte: IG
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