Com o apoio de 192 deputados e 34 senadores, a oposição vai protocolar na tarde desta terça-feira um requerimento na Secretaria-Geral do Congresso pedindo a criação de uma CPI mista para investigar repasses do governo a entidades ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Os oposicionistas decidiram oficializar o pedido de investigação hoje, véspera da sessão do Congresso, marcada para a leitura do documento.
A senadora e presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Kátia Abreu (DEM-GO), disse que não há dúvidas de que o governo vai trabalhar para inviabilizar a investigação. Os governistas acreditam que pelo menos 60 deputados da base aliada assinaram o requerimento.
"Quem faz uma vez, faz duas, faz três, faz quatro. É uma tentativa explicita de desmoralizar o Congresso Nacional. Mas não há nada que possamos fazer, não somos nós que vamos atrás de quem assinou, pedindo para não retirar, cada um tem um compromisso com seu mandato", disse.
Segundo a senadora, a oposição espera que os parlamentares não recuem. "Essa CPI é um desejo da sociedade. Nós vimos da primeira vez que dois dias depois de o governo ter impedido a investigação, o MST sem dó nem piedade invadiram uma fazenda produtiva e varreram o que encontraram pela frente em uma situação criminosa. Espero que os governistas tenham entendido o recado. Eles foram claros, mostrando que podem fazer o que quiserem porque têm as costas protegidas pelo governo", afirmou.
A estratégia da oposição é dificultar o acesso dos governistas à lista com os deputados que apoiam a CPI, dificultando a retirada de assinaturas. Pelas normas do Congresso, é permitida a inclusão ou retirada de assinaturas em CPIs até a meia-noite do dia de leitura do requerimento de criação.