A que ponto os entorpecentes podem destruir uma família? Um dos exemplos está na história da aposentada Marta Maria, 62 anos.  Na tarde desta quinta (5), após ser espancada e ter sofrido uma tentativa de roubo, ela denunciou o seu agressor à polícia. O fato poderia passar como qualquer outro caso de violência não fosse o criminoso o próprio filho da vítima: Marcos Vinícius, 26 anos, viciado em crack.

 

Marta mudou-se para o bairro São Predo, zona Sul de Teresina, após ser atingida pelas enchentes deste ano. Ela descreve que seu filho era usuário de maconha, mas que após a mudança de casa, acabou se envolvendo com o crack e tornando-se muito agresssivo, sobretudo na última semana. “De uns três meses para cá, ele está vendendo os eletrodomésticos, as roupas dele. Uma vez peguei ele com uma camisa minha dentro das calças que ele ia levar pra vender. Até comida ele levou. Não tenho mais nem arroz em casa”, desespera-se a senhora.

 

Ela foi agredida na tarde de ontem porque não quis entregar sua bolsa ao jovem que buscava dinheiro para comprar drogas. Vinícius a empurrou, jogou na parede, machucando-lhe o braço e várias partes do corpo. Como já não agüentava mais estes problemas, Marta esperou seu filho dormir e chamou a polícia.

 

 

Resignação
Um fato paradoxal é que a aposentada também é voluntária do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Vila Irmã Dulce. Ela afirma que contou para as funcionárias do local o seu drama, mas nem uma acreditou. Apesar de tudo que passou, ela afirma que não quer punição para o jovem, mas sim que ele volte a ser quem era antes das drogas. “Ele até já trabalhou, mas hoje vive só pro vício. Não quero meu filho preso, quero que ele tenha tratamento”, diz a senhora.