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Daiane quebra silêncio e diz que não conhecia substância

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Doze dias após ser exposta mundialmente em um caso de doping, Daiane dos Santos rompeu o silêncio. Nesta segunda-feira, a ginasta reuniu a imprensa na sede do Pinheiros, em São Paulo, e repetiu a tese que o próprio clube já havia apresentado em nota oficial: ela não sabia que a substância furosemida era proibida pela WADA (Agência Mundial Antidoping).



Daiane dos Santos mostra o documento que ela preencheu no dia em que foi submetida ao teste antidoping, em 2 de julho. Na hora do exame, ela ligou para seus médicos (uma esteticista, uma dermatologista e Wagner Castropil) e perguntou todos os medicamentos e substâncias que estava utilizando em seus tratamentos. O papel, distribuído aos jornalistas, cita a furosemida

Acompanhada do advogado Cristian do Carmo Rios, que a defende desde 2000, a gaúcha explicou toda a cronologia do caso e, em tom claramente de nervosismo, se disse inocente na situação. "Até então, eu não sabia que essa substância era proibida. Eu não tenho o livro da WADA, ao contrário do que andaram dizendo por aí. E também não sou obrigada a saber todas as substâncias, são muitas", declarou Daiane, ainda citando a imprensa. "Se eu sei todas, vocês também têm que saber, porque todos aqui são jornalistas de esporte".

Em julho deste ano, Daiane fez um exame antidoping que acusou a furosemida. A substância era a base de um tratamento estético contra gordura localizada ao qual a ginasta estava sendo submetida. "Eu perguntei para ela [a esteticista, cujo nome não foi divulgado por Daiane] o que tinha nas enzimas da aplicação. Ela disse que não tinha nada de errado. Mas ela também não sabia que a substância não podia ser utilizada", explicou a ginasta, contando, ainda, por que resolveu realizar o tratamento. "Eu não estava me sentindo bem esteticamente. Eu estava em recuperação, ficava sentada o tempo inteiro, então é normal que a massa vire gordura mesmo".

Durante a entrevista, a ginasta reiterou várias vezes que, segundo ela sabia, um atleta não é testado em períodos de inatividade, como o dela, que está se recuperando de uma cirurgia realizada em outubro do ano passado e não compete desde agosto do mesmo ano, quando disputou os Jogos Olímpicos de Pequim-2008. "Pelo que me consta, pela informação que eu tinha, se eu estou fora da seleção, mas apta, eu posso ser testada, mas não era o caso. O que eu sei é que o que foi me passado pela Confederação [Brasileira de Ginástica, CBG] era que eu poderia ser escalada [para um teste antidoping] se eu estivesse apta", comentou a campeã mundial, mencionando a entidade nacional.

Seu advogado, no entanto, tentou contemporizar o argumento. Quando questionado se um atleta fora de atividade não pode ser testado, Carmo Rios sugeriu que está não é a regra, mas será a tese usada pela defesa de Daiane. "Não posso aqui fazer uma interpretação genérica da regra, até porque eu estou envolvido no caso. Seria melhor perguntar para alguém que está de fora", respondeu, poucos minutos após dizer que um atleta não deveria passar por testes nestas ocasiões.

Com a defesa já orientada, Daiane dos Santos admite que não imagina o que poderá acontecer. Mas espera que a FIG tenha em conta sua longa carreira livre de escândalos como este. "A FIG [Federação Internacional de Ginástica] vai levar em consideração os inúmeros dopings [testes antidoping] pelos quais eu passei, que nunca deram nada. Eles vão se questionar sobre o que isso melhoraria o meu desempenho no ginásio, já que eu não estou competindo, e vão ver. A FIG é uma entidade muito respeitada e muito correta, sempre foi", avaliou.

Daiane dos Santos ainda disse que a solução do caso virou "uma questão de honra". "Eu nunca tinha esperado passar por uma coisa dessas. Quem está sendo testada não é a Daiane ginasta, é a Daiane pessoa. Agora estou preocupada em defender o meu nome", desabafou. "Por que eu precisaria disso agora, por que ia jogar todo um trabalho fora? Fiz tantas coisas boas, trouxe tantas medalhas para o Brasil, fiz tanto pela ginástica do país. Nunca um atleta que trabalha tanto vai querer se dar mal desse jeito".

Entretanto, a ginasta reconheceu que sua tese pode não ser suficiente para a FIG inocentá-la. "Pode ser, mas estou contando tudo como foi, não é para parecer uma historinha triste".


Fonte: Uol
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