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Morte encefálica: Dor de uma família que pode amenizar de muitas outras

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A expressão é definitiva e devastadora: morte. Seria possível um diagnóstico desses mesmo que o coração ainda bata, que o pulso ainda seja detectável? Apenas o cérebro não responde. Perdeu as forças para coordenar os sistemas, que funcionam desconectados. Para os parentes parece inacreditável, inaceitável, impossível, mas, segundo o enfermeiro Edvaldo Moreira, “morte cerebral é morte”.



Vice coordenador da Central de Captação de Órgãos do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o enfermeiro, que perdeu a irmã depois de dois acidentes vasculares cerebrais, sabia que a família tinha nas mãos uma perda que poderia trazer ganhos. Diagnosticada com morte cerebral depois de horas de internação, a senhora de 53 anos poderia ser a chance dos que aguardam na fila de transplantes por um rim ou os dois, uma córnea ou as duas.

O neurocirurgião Jacinto Lay foi o responsável pelo diagnóstico final da paciente. Ele realizou uma arteriografia de quatro vasos, onde injetou um contraste em veias e artérias para monitorar o fluxo sanguíneo. “Em um exame normal, todas artérias são irrigadas pelo sangue. No caso da irmã de Edvaldo, o sangue só ia até o pescoço. Não havia mais o que fazer para reverter o quadro”, disse o médico.

A dor da perda de um familiar confrontada com a possibilidade de dar mais vida à outras pessoas. Nesses momentos, a conscientização sobre a doação de órgãos é fundamental. A intervenção de Edvaldo diante do restante da família foi determinante para que o procedimento de remoção dos órgãos fosse feito a tempo. Apenas o coração da mulher não pôde ser transplantando por conta de deficiências cardíacas. “Talvez se eu não estivesse aqui, esses órgãos não teriam sido doados”, afirma.

O exemplo da família de Edvaldo não deve ser seguido apenas por aqueles que, de alguma forma, estejam relacionados com centrais de captação de órgãos. A iniciativa de doar vai além de hombridade, é cidadania. É um ato que vai além de cores, credos, raças e status, pondo em pé de igualdade todos aqueles que prezam pelo que lhes foi dado sem exigência de retorno: a vida. A perda pode ser um fim ou um recomeço. O tom é dado por quem decide salvar ou não: você.

 

Naruna Brito (Especial para o Cidadeverde.com)
Indira Gomes (TV Cidade Verde)
redaçã[email protected]

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