O presidente da Comissão de Proteção aos Direitos Humanos da OAB, Lúcio Tadeu, afirmou nesta quarta-feira (28) que o Estado pode ter sido negligente no caso da morte do presidiário Jesus Sousa Mendonça, agredido na Penitenciária de Vereda Grande, em Floriano. Ele apontou ainda que a família pode cobrar indenização do poder público. Inconformado, o pai criticou o tratamento dado aos presos no Piauí.

"O preso, quer seja ele condenado ou provisório, está sob responsabilidade do Estado. Caso seja comprovada a agressão no presídio e a falta de comunicação à família, pode ser considerado negligência por parte do Estado", afirma Lúcio Tadeu. Segundo ele, já existem decisões em tribunais superiores que reconhecem a responsabilidade do Estado na custódia dos presos e sinalizam com indenização para a família.

Em entrevista para a TV Cidade Verde, o pai do preso, Francisco Rocha, fez um desabafo. "A gente não tem uma Justiça certa. Não é que a pessoa é (criminoso), que ele tenha que morrer. Ele tem que pagar os erros dele, mas com vida. Até quando vai acontecer isso no nosso país? As pessoas estão fazendo de conta que a maioria das pessoas são assim, um lixo. É assim que eu acho que os presos são tratados, principalmente no nosso Estado".

A Ordem pode ainda incorporar um laudo próprio relatando as más condições do presídio a uma Ação Civil Pública que pede a interdição do local.

O presidente da Comissão descreve que participou de uma vistoria na Vereda Grande e que a estrutura do local não é boa. "O presídio não oferece condições nem para os presos, nem para os agentes que trabalham lá. Não há superlotação, mas um problema estrutura. O prédio é a adaptação de uma granja , explica.

Segundo Lúcio Tadeu, o relatório feito pela Comissão da OAB pode ser incorporado à Ação Civil Pública impetrada pelo promotor de Floriano, Edmar Piauilino, que solicitou a interdição da penitenciária.