A promotora Cláudia Seabra, que acompanha as discussões sobre a superlotação no Hostital de Urgências de Teresina, cobrou hoje (23), em entrevista ao Notícia da Manhã, mais compromisso da classe médica com a situação do hospital.
Segundo ela, depois da reformulação da carreira médica em que foi retirado o pagamento da produtividade, os médicos diminuíram o número de cirurgias. "Depois disso eles não querem mais fazer cirurgias", disse a promotora.
Ontem, as instituições relacionadas com o problema se reuniram no Ministério Público Estadual em reunião. Foi formada uma força tarefa que irá disgnosticar a real situação dos hospitais e verificar a disponibilidade de vagas para transferir os pacientes do HUT.
Neste final de semana o Hospital Getúlio Vargas recebeu 27 pacientes e realizou cirurgias.
Será feita uma vistoria também, com a participação da Anvisa, nos hospitais regionais do Estado.
Ontem as entidades representativas dos médicos emitiram uma nota em que dizem que já vinham alertando para o problema do HUT há muito tempo e exigindo a tomada de algumas medidas.
Veja a nota na íntegra:
NOTA DAS ENTIDADES MÉDICAS
É lamentável que o Hospital Zenon Rocha tenha chegado a um ponto tão crítico, prejudicando sobremaneira a população mais necessitada de Teresina e do estado do Piauí, além dos médicos responsáveis pelo atendimento, que ficam expostos às péssimas condições de trabalho. Os problemas não são novos e categoria há muito tempo alardeia a falta de estrutura, não só do HUT, mas dos hospitais da periferia da capital e do interior do estado, que não atendem ao seu propósito, não apresentam resolubilidade e acabam superlotando o Hospital de Urgência.
As entidades médicas repudiam propostas mirabolantes incapazes de sanar o problema, como a de transformar o HUT em fundação estatal. Em Teresina, temos um modelo clássico desse tipo de instituição, detentora de uma estrutura invejável a muitas unidades de saúde, mas que atende a uma quantidade mínima de pacientes, deixando à míngua milhares de famílias aguardando em uma imensa lista de espera, sem perspectiva de atendimento. As fundações ou OSCIPs - Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público recebem recursos públicos a fundo perdido e não apresentam dados concretos de como o dinheiro é investido.
Os gestores devem uma resposta imediata à população e, principalmente, aos seres humanos abarrotados nos corredores daquele hospital que, diga-se de passagem, foi construído com a promessa de resolver a situação e, na verdade, apenas mudou o cenário de terror, que antes estava instalado no Hospital Getúlio Vargas.
Exigimos medidas práticas, como:
- implementação dos hospitais regionais com equipes multi-especializadas, oferecendo-lhes maior resolubilidade;
- formação de consórcios intermunicipais na tentativa de propiciar atendimento de qualidade nas regiões-pólo e desafogar o Hospital Zenon Rocha;
- realização de concursos públicos para médicos com remuneração atrativa, já que não faltam profissionais, mas bons salários;
- regulamentação da Emenda 29 para financiamento direto da saúde.
Da Redação
[email protected]