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HUT: Álcool e trânsito geram 92% de acidentes com trauma atendidos

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O índice é preocupante. Pesquisa realizada pelo médico neurocirurgião do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), Daniel França, aponta que o número de lesões causadas em pacientes no Piauí pelo não uso de capacete é 3 vezes maior que a média nacional. 

Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.com

A informação foi discutida durante entrevista do profissional da saúde à edição desta quarta-feira (18) do Jornal do Piauí. Daniel França é especialista em traumas no crânio e coleta dados desde a primeira cirurgia que realizou no Hospital.

“A média global é que 11% das vítimas envolvidas em acidentes apresentem traumas no crânio. A média brasileira é de 21% dos pacientes atendidos. No Piauí, esse dado sobre para 70%”, informa o médico neurocirurgião.


Em 2011, 12 mil 259 acidentes com vítimas foram registrados no Piauí de acordo com dados da Companhia Independente de Polícia Militar de Trânsito (Ciptran). Os acidentados socorridos no HUT com origem em Teresina somam 60%. O índice também é reproduzido sobre a gravidade das lesões: 60% são moderadas ou graves contra 40% leves.

“Uma situação que temos que observar a relação perigosa entre acidentes de moto e excessos no consumo de bebidas alcoólicas. 92% desses pacientes vítimas do trânsito que precisam de cirurgia apresentam alto grau de embriaguez”, revela Daniel França.


Ainda segundo dados do Ciptran, o número de acidentes pelo Estado registrou queda. Entretanto, o número de mortos apresentou alta. O levantamento também aponta que metade da frota de motocicletas do Estado está em Teresina.

“Temos que alertar que após um traumatismo de crânio, raramente um paciente sai sem sequelas. É natural apresentar alterações no comportamento, tendência à agressividade, à depressão, perda de movimentos e da visão. Meu trabalho é tentar evitar que o paciente morra, mas ele nunca é mais o mesmo após o trauma”, avalia o médico. 

Anualmente, o Estado do Piauí gasta em média R$ 500 milhões em medidas paliativa decorrentes de acidentes e outros tantos milhões em campanhas educativas na tentativa de valorizar a vida e conscientizar os condutores.


O neurocirurgião acredita que este seja um caminho confiável se aliado com medidas de repressão e punição dos motoristas. “Se as campanhas funcionassem 100%, não haveriam mais casos de câncer de pulmão pelo consumo do cigarro ou a proliferação da Aids. Com o trânsito também assim. Seria muito mais fácil punir e evitar que isso tudo aconteça. O foco tem que ser a prevenção”, disse o médico.

Lívio Galeno
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