Terminou por volta de 20h desta quarta-feira (18) uma das reuniões mais longas já realizadas no Palácio da Cidade. Após 12 horas de discussão, Prefeitura de Teresina e entidades estudantis e sindicais chegaram a um acordo para suspender as manifestações contra as mudanças no sistema de transporte público, interrompidas em seu 13º dia para a negociação.

Ficou acordado que a tarifa de R$ 2,10 será mantida, mas a segunda condução na integração passa a ser gratuita em 30 dias. Por enquanto, continua sendo cobrado metade do valor para o outro ônibus.

Prefeito Elmano Férrer

Outra reclamação foi atendida. O tempo limite para se pegar a segunda condução, atualmente de uma hora, passará a ser de uma hora em trechos de até oito quilômetros e até duas horas para percursos acima dessa distância.

Pelo acordo, a partir de 1º de março a integração será plena para 33% das linhas. Já em 1º de junho, o usuário poderá pegar qualquer ônibus para o segundo trecho, pois a integração deverá ser plena. Hoje uma linha só integra com determinado grupo de outros ônibus da capital.

Também será montado um grupo de trabalho para avaliar a integração e foi assumido compromisso pelo cumprimento do Plano Diretor de Transportes.

José Eduardo Araújo Borges, membro da União da Juventude Socialista, disse que a gratuidade do segundo trecho já repercute na planilha e a prefeitura alegou que a auditoria feita confirma o valor de R$ 2,10. Ele avalia o acordo como uma vitória para o movimento na luta pela qualidade do transporte público e melhor fiscalização do serviços.

Deolindo Moura, da União de Vanguarda da Juventude, comentou os pontos não conquistados. "Em relação à licitação e redução da tarifa, não conseguimos satisfazer nossas pautas, mas tivemos grandes avanços em relação ao sistema de integração. Agora é um momento de cautela para o movimento. É hora de refletir e garantir a comunhão de forças".

O encontro terminou por volta de 20h30, mas foi prorrogado por conta da redação de uma ata que será apresentada para a sociedade.

A reunião desta quarta-feira contou com a presença do presidente do Tribunal de Justiça do Piauí, desembargador Edvaldo Moura, além de representantes do Ministério Público Federal e Ministério Público do Piauí para tentar intermediar o acordo. A imprensa não teve acesso. O encontro começou por volta de 8h40min e não teve intervalo. Apenas alguns presentes deixaram o auditório do Palácio da Cidade para irem ao banheiro e retornarem pouco tempo depois.

Participaram da negociação o próprio prefeito Elmano Férrer (PTB), gestores de órgãos municipais e representantes da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), UNE (União Nacional dos Estudantes), UBEs (União Brasileira dos Estudantes) regional e nacional e dos DCEs e de faculdades e das universidades públicas.

Os protestos recomeçaram no dia 2 de janeiro, quando começou a vigorar a tarifa de R$ 2,10 e o sistema de integração, com 40% das linhas de ônibus integradas de forma parcial e despesa de meia passagem ao usuário para pegar o segundo trecho. Foram 12 dias de manifestações, excetuando os finais de semana. Dezenas de manifestantes presos e feridos em confronto com a tropa de choque da Polícia Militar. Oito chegaram a ser levados para presídios. Mais de 20 ônibus foram depredados, um deles incendiado. Uma árvore de Natal foi derrubada na avenida Frei Serafim, provocando a queda de um cabo de alta tensão.

Em setembro, após uma semana de manifestações, o movimento estudantil já havia conseguido suspender o reajuste para R$ 2,10. Um grupo de trabalho montado para discutir o transporte público definiu mudanças no sistema.